Brasil na lona, Bolsonaro nas cordas

Do jornalista Weller Diniz, em Os Divergentes:

Atordoado pela combinação de golpes fatais de uma economia em frangalhos, mortes na pandemia, quedas abruptas nas intenções de votos e aumentos superlativos nos índices de rejeição, Jair Bolsonaro tenta contra-atacar voltando para o canto do ringue, o cercadinho do Alvorada, onde está concentrado seu nicho de admiradores extremistas. Um grupelho majoritariamente desmiolado, irascível, cada vez mais, grogue. De tantas bordoadas que já recebeu no queixo, as mais contundentes são treinadas no box do Supremo Tribunal Federal que vem disparando socos, jabes e ganchos em série sem, contudo, nocautear um dos valentões mais desonestos e despreparados de todos os tempos na presidência da República.

Em mais um cruzado do Direito contra o obscurantismo, os jurados do STF já reuniram a maioria para exigir o passaporte da vacinação diante da iminência de um terceiro round da Covid-19. O capitão do arrego foi poupado do anúncio do resultado do combate. O ministro Kássio Nunes – que nem de longe lembra as habilidades do outro Cassius, Muhammad Ali – tocou o gongo paralisando a luta. Chicana inútil.

O passaporte da vacina é apenas mais um revés na longa série de derrotas do capitão no Judiciário, contra o qual luta sujo e vem se insurgindo em gingados golpistas desde o ano passado. Os diretos civilizatórios e democráticos do STF já balançaram Bolsonaro que tenta, em vão, armar a direita no contragolpe. Ele já treinou a desobediência às decisões judiciais, desafiou ministro com impeachment, participou e convocou atos onde se pretendia lacrar o ginásio maior da Justiça e duelou com ministros do TSE, acusando-os, sem prova alguma, de fraudes na eleição de 2022, enquanto espumava pelo voto impresso. Leia mais.

(Foto: Alan Santos/PR)