“Não olhe para cima”; “não tome vacina”

Uma doutoranda em astrofísica, de uma universidade não tão famosa, descobre um cometa, cuja trajetória confirma seu choque com a terra em seis meses. Do tamanho do Monte Everest, o impacto destruirá a vida no Planeta. Ela e seu professor levam o caso ao governo americano, que os trata com desdém e ignora o perigo. Uma mulher, interpretada pela magistral Meryl Streep, é presidente dos Estados Unidos. Na chefia de seu gabinete está seu filho Jason (Jonah Hill). Um pedante deslumbrado com o poder.

O ingênuo professor não resiste aos holofotes da fama repentina. A aluna detona a mídia espetáculo, mas é bombardeada nas redes sociais. A presidente dos Estados Unidos, envolvida num escândalo sexual, quer salvar seu governo. Um milionário doador de sua campanha resolve explorar o cometa. Com um projeto que o detone e direcione seus pedaços para o oceano, lucrando com a garimpagem dos materiais que o compõem.

Recorrentes toques de humor, politicagem, espetáculo midiático, machismo, ganância, negação à ciência, preconceitos e muita ignorância, impulsionada pelas redes sociais. Ingredientes que conduzem a trama de “Não olhe para cima”. Filme de Adam McKay.

Na real, a ciência não descarta o choque de um corpo celeste com a Terra. Carl Sagan dizia que “a extinção é a regra. Sobreviver é uma exceção.” O problema é o comportamento da humanidade frente a uma catástrofe que poderá destruí-la. De acordo com o filme, os piores inimigos dos humanos são os próprios humanos. “Não olhe para cima” rima com “não tome vacina”.


(*) Donizete Oliveira, jornalista, historiador

(Foto: Divulgação/Netflix)