A vida pede sempre uma palinha

Não sou chegado a ano novo. Nem a ano velho. Não passam de indicadores criados para dar sentido ao tempo. Dizia minha mãe, uma mulher franzina de sorriso pequeno e pranto fácil, que a vida é a gente quem faz. Não se deve ficar preso a datas e comemorações.
Portanto, não me vejo em condições de desejar um “feliz ano novo” a alguém. Felicitações a gente deseja em qualquer dia. Bastam motivos. E eles não faltam. Desde que alarguemos os sentidos da vida, não os do tempo.
Se viver é muito perigoso, como ensina o sábio Riobaldo, pela pena roseana, nos cabe a contestação, rompendo o lugar-comum. Mesmo que pechas nos desloquem e sejamos um gauche na vida, como apregoa outra pena, a drummondiana.
Diante das incertezas, das labutas inglórias e do obscurantismo que grassam e insistem a nos desafiar, reinventar é preciso. Independente de datas e tempo. A vida pede sempre uma palinha. E mesmo que não saibamos tenhamos coragem de fazer ao vivo. É isso, gente, por hoje!
(*) Donizete Oliveira, jornalista e historiador.
(Foto: Secretaria de Educação e Cultura de Goiás)
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