O tamanho do bode que Bolsonaro colocou na sala

De Alexandre Versignassi, na VC/SA:

E o Ibovespa segue de freio de mão puxado: fechou de novo em baixa, de 0,39%, aos 103.513 pontos. Cortesia de uma bagunça federal, literalmente. Vamos a ela.

Ao dar um reajuste salarial aos policiais federais, e deixar o restante do funcionalismo sentado e chorando, Bolsonaro criou um problema, que Elio Gaspari definiu perfeitamente dia 26/12, na Folha e no Globo. O colunista citou o “efeito-túnel”, uma analogia criada pelo economista alemão Albert Hirschman (1912-2012) para explicar a natureza das revoltas sociais: “Se duas filas de carros estão presas em um túnel e ambas se movem lentamente, os motoristas aceitam o revés. Se uma linha começar a se mover mais rápido, quem está parado pensa que o jogo está trapaceado”, escreveu Gaspari.

A pressão dos funcionários públicos que se sentiram passados para trás começou entre os auditores da Receita Federal, que entraram em greve na semana passada. Não só: 700 auditores entregaram seus cargos de chefia, o que deixa a Receita acéfala. Ontem foi a vez dos servidores do Banco Central. Começaram a entregar cargos de chefia por lá também. De acordo com o sindicato dos funcionários do BC, mil gestores da autarquia devem fazer isso.

E o que fica para o mercado financeiro é o fantasma de um aumento ainda maior nos gastos públicos para generalizar o reajuste. Para jogar mais lenha na fogueira, o deputado Ricardo Barros (PP), líder do governo na câmara, disse em entrevista ao Valor que os “teto de gastos tem de ser rediscutido”. Leia mais.

(Foto: Ekaterina Bolovtsova)