Mobilidade por bicicleta em Maringá é elitista

É o capital imobiliário que tem maior poder entre as decisões tomadas na cidade, aponta análise de geógrafa

As ciclovias de Maringá atendem a uma área central e caracteriza a mobilidade por bicicleta tendencialmente elitista e voltada para o lazer e o esporte. Os que desfrutam da bicicleta como meio transporte na região central geralmente pertencem a uma classe mais abastada que a utiliza como opção política e ideológica e não econômica.

Esta é uma das conclusões do estudo “A bicicleta em Maringá e sua relação com os agentes produtores do espaço urbano”, de Luiz Carla da Silva Barbiero, geógrafa, mestra e doutoranda em Geografia pela Universidade Federal de Santa Catarina, por ocasião da realização do XIV Enanpege – Encontro Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Geografia, realizado virtualmente de 10 a 15 de outubro passado.

O trabalho destaca, sobre a mobilidade urbana em geral e a bicicleta como meio de transporte em particular, “sabe-se que em Maringá não houve real interesse em se promover este tipo de locomoção ao longo da produção de seu espaço urbano. Os agentes produtores de maior influência sempre estiveram mais preocupados com o direcionamento de políticas que pudessem beneficiar seus negócios em algum sentido, do que com iniciativas de democratização da via pública e de acesso ao maior número de pessoas a escolhas e formas de locomoção diversificadas. De acordo com as análises realizadas anteriormente, é o capital imobiliário em conjunto com ações do município, que tem maior poder entre as decisões tomadas na cidade, tanto na forma direta de intervenção, quanto através da presença em conselhos e entidades de outros agentes (como no caso da Acim, por exemplo). Dessa forma, fica ainda mais claro que as bicicletas e as estruturas voltadas para elas, só podem ser validadas quando estes agentes ou param de se opor, ou são convencidos de alguma forma de que a produção de ciclovias e estruturas cicloviárias trazem alguma vantagem econômica e/ou estratégica no sentido de uma imagem “vendável” de Maringá”. A íntegra do trabalho está aqui.

(Foto: Mileny Melo/PMM)