Bolsonaro estilhaçou imagem da PF: ‘a coisa tá ruça’

Em Brasília, quase tudo o que se vê, se sente e se respira conspira. Quem viu o vídeo da fatídica reunião ministerial de 22 de abril de 2020 sentiu que a Polícia Federal corria perigo. Bastou respirar o cheiro de queimado que emanava dos comentários de Bolsonaro. “Vai trocar”, disse o presidente. “Se não puder trocar, troca o chefe dele. Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro. E ponto final. Não estamos aqui para brincadeira.” (…)

Decorridos quase dois anos, Bolsonaro demonstrou que não estava mesmo para brinquedo. Trocou o “traidor” Sergio Moro por um amigo dos seus filhos, Anderson Torres, no Ministério da Justiça. Substituiu o diretor-geral da Polícia Federal cinco vezes. E autorizou duas dezenas de remoções em postos de chefia nas superintendências estaduais do órgão. Houve mais do que mero aparelhamento político. Bolsonaro estilhaçou a imagem da PF. Veja mais aqui.

Meu comentário (Akino): Bolsonaro, quando contrariado fica ‘putim da vida’, como diriam os mineiros e goianos. Em outubro teremos oportunidade de acabar com isso. Mais quatro anos e a situação pode ficar ainda mais ‘ruça’, se é que me entendem. 

PS: Por que é que se diz que a coisa está “ruça” quando algo não está indo bem? (..) Havia em Portugal, no século XVI, um homem que se dizia doutor em medicina, mas nunca apresentava o seu diploma. Ele, como quase todos naquela época, andava pelas ruas da cidade de Évora montado em uma mula. Só que a mula na qual o doutor Antonio Lopes andava era um pouco mais grisalha, como se estivesse orvalhada. Assim, ele se tornou “o médico da mula ruça”. Chegou a solicitar ao rei D. João III um atestado de que havia passado dez anos estudando na cidade de Alcalá de Henares, o que lhe conferiria um prestígio muito grande”, narra Deonísio. O problema é que quase todos os seus pacientes ou morriam ou precisavam de outro médico para conseguirem qualquer evolução em seus quadros. Com essa fama, quando um doente estava em estado muito ruim passou-se a dizer que sua situação estava “ruça”, em referência a Antonio Lopes. Daí em diante, a expressão pegou e foi passando de geração em geração, inclusive entre aqueles que nunca souberam quem foi o médico da mula ruça. Os primeiros jesuítas que chegaram ao Brasil trouxeram essa e outras palavras em suas missões e “a coisa tá ruça” acabou pegando por aqui também.

(Foto: Divulgação/PF)