Mulheres do agro

Trabalhando lado a lado com o marido, Maurício Lorusso, a produtora Flora ajuda-o em tudo

Durante o mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, a Cooperativa Agropecuária Norte Paranaense (Coanorp), com sede em Astorga, publica uma série de reportagens com cooperadas e esposas de cooperados que servem de exemplo por sua determinação, força, amor, dedicação e superação a frente de suas propriedades rurais ou em parceria com seus maridos, pais e filhos.

A comemoração do dia 8 de março é um marco na luta das mulheres pela afirmação de sua dignidade e valor, contra todas as formas de violência e discriminação. Por isso, a data se reveste de um duplo significado: é um momento de celebrar as conquistas, mas também de se mobilizar para firmar o que foi conquistado e definir novas metas, tendo histórias como dessas mulheres para se inspirar.

Flora, uma parceira de toda vida

A produtora Flora Aparecida Furchini Lorusso, de Tupinambá (distrito de Astorga), aprendeu desde cedo a trabalhar na roça e a gostar do faz. Sempre acompanhava os pais na lida com o café e mais tarde com o algodão. E quando se casou, se tornou parceira do cooperado Maurício Ferreira Lorusso, trabalhando lado a lado com o esposo.

Hoje, o filho Elton já vem garantindo a sucessão familiar na propriedade, sendo o braço direito do pai, mas, Flora continua ajudando, dando todo apoio nas atividades do dia a dia no sítio, cuidando da criação de peixes e participando da administração dos negócios.

A exemplo da mãe e do pai, Elton descobriu cedo a paixão pelo agronegócio. “O segredo para garantir a sucessão familiar está em envolver toda a família no trabalho no sítio, se dedicar e amar o que faz”, comenta Flora.

A família Lorusso planta cerca de 200 alqueires de soja e milho, entre área própria e arrendada, que é a maior parte. Em média, as produtividades de soja e milho safrinha ficam em 150 e 250 sacas por alqueire, respectivamente, mas esse ano, por causa da estiagem, a safra deve fechar em uma média de 80 sacas de soja por alqueire.

Caprichosos com o que fazem e atentos as recomendações técnicas, os Lorusso já receberam prêmio de produtividade, em 2018, quando chegaram a colher uma média de 180 sacas por alqueire. Além da produção de grãos, mantêm ainda duas represas para a produção de 1.500 alevinos de tilápia por criada, além de bagre africano, matrinchã e pintado. Possuem ainda os cultivos de subsistência, criações e estão formando um pomar.

Sonia, uma liderança em Colorado

A cooperada ganhou o respeito e a confiança dos demais produtores

Apesar de suas origens rurais, a cooperada da Coanorp Sonia Maria Piffer, que cultiva 12,5 alqueires de soja, milho, milheto e sorgo em Colorado, em um determinado momento acabou se afastando do campo e trabalhou boa parte de sua vida como professora.

Mas a paixão pela vida simples e o prazer de ver a terra produzir a manteve ligada a suas raízes. Quando os pais morreram e deixaram as propriedades da família para ela e o irmão, num primeiro momento, como ainda trabalhava como professora, optou por arrendar as terras. Mas sempre que podia, gostava de acompanhar os trabalhos no sítio, o que a estimulou a começar a participar de dias de campo, assistir palestras, se informar a respeito das culturas e se integrar à cooperativa.

Há 12 anos, mesmo dividindo o tempo com sua atividade como professora, Sonia resolveu assumir a administração da propriedade, contratando serviço de terceiros para executar o plantio, manejo e colheita das culturas.

“Acompanho tudo de perto e sei o que precisa fazer, só não coloco a mão na massa. Mesmo que seja outra pessoa a executar o trabalho, para administrar bem você precisa saber o que está sendo feito, entender do assunto. Por isso estou sempre junto, acompanhando tudo”, comenta Sonia, que já se aposentou como professora e agora se dedica integralmente a atividade agrícola. “Assumir a propriedade foi a melhor coisa que fiz. Além de ganhar mais, faço o que gosto”, afirma.

Liderança nata no agronegócio em Colorado, Sonia, mesmo no início sendo a única mulher nas reuniões da cooperativa, nos dias de campo ou nos eventos técnicos, não se intimidou e acabou ganhando o respeito e a confiança dos demais produtores, abrindo caminho para outras mulheres participarem dos eventos.

Hoje, a presença feminina é comum em todas as programações da Coanorp e Sonia diz sentir orgulho de ter participado dessa história. “Até hoje me sinto realizada quando lembro do orgulho nos olhos de minha filha quando a levei em uma reunião na cooperativa onde, em meio a uma plateia só de homens, meu trabalho foi reconhecido pela diretoria da cooperativa. Tenho prazer de ser uma liderança feminina do agro”, finaliza a cooperada.

(Fotos: Divulgação)