Comissão do Patrimônio Público é acionada para analisar a preservação da casa do primeiro prefeito de Maringá

Foto da casa de Innocente Villanova Junior na década de 1980

A casa do primeiro prefeito de Maringá, Innocente Villanova Junior (falecido em 1986), corre o risco de desaparecer. Localizada no terreno que fica na esquina da rua Mitsuzo Taguchi com Tuiuti, em área superior a 1 alqueire paulista, o imóvel seria afetado pela construção de um edifício residencial, com cerca de 190 apartamentos. Hoje, foi requerida a avaliação de forma urgente do caso pela Comissão Especial de Preservação do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural de Maringá, uma vez que a casa, feita de madeira, tem valor paisagístico, arquitetônico, histórico e político. A comissão agora vai analisar a solicitação, feita hoje pelos professores Tania Nunes Galvão Verri e Jorge Villalobos, junta à Secretaria Municipal da Cultura.

O pedido inclui ainda que a Secretaria de Urbanismo e Habitação suspenda, se eventualmente deu, qualquer alvará de demolição nos lotes, até a conclusão e parecer da comissão. No início de fevereiro o Conselho Municipal de Planejamento e Gestão Territorial aprovou relatório de impacto de vizinhança para a obra, no bairro Vila Nova, impondo algumas condições. O local pertence a Débora Villanova Kasprowicz, neta do primeiro prefeito de Maringá (gestão 1952-1956) e ex-mulher do deputado federal Ricardo Barros (PP), líder do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados. O arquiteto Luty Vicente Kasprowicz, servidor público municipal, foi genro do ex-prefeito, ex-secretário de Obras e é autor de vários prédios públicos, como o da Biblioteca Central e a reforma da praça Pedro Álvares Cabral, que ficou conhecida como a praça da patinação.

Innocente, falecido naquela casa, disse uma vez em entrevista ao Patrimônio Histórico de Maringá que o seu desejo e do ex-prefeito era de que a propriedade não ser vendida, que os familiares poderiam usar enquanto quiserem, e um dia os quase 28 mil metros quadrados serem doados ao município. Em 2007 a gestão Silvio Barros desapropriou parte do terreno. Na mesma entrevista dona Noemia Mafalda Noêmia Barletta Villanova, viúva de Innocente, diz que nenhuma árvore foi cortada na propriedade, onde havia macieiras e centenas de videiras quando foi construída.

A solicitação para que a Comissão Especial de Preservação do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural de Maringá lembra que nos registros do relatório de impacto de vizinhança não há menção à importância da residência para a história local e regional, “seja do ponto de vista social, artístico e político, como todo o processo que a envolve de forma toda especial, haja vista, o fato do projeto e construção ter sido de um renomado engenheiro pioneiro, inclusive agente público, tendo ocupado a Secretaria de Obras do Município, que junto com seu sogro, Inocente Villanova Junior, formam parte indelével da memória da cidade de Maringá. Somam-se ainda, as inúmeras relações políticas, sociais e familiares estabelecidas a partir desse núcleo familiar e desde essa residência”. (Atualizado)

Innocente Villanova Junior e dona Noemia, nos 50 anos de casamento

(Fotos: Acervo familiar/MN)