Por Newdemar de Souza:

O CPC apresenta a exposição de grafismos cinematográficos Akira Kurosawa visita a Universidade Estadual de Maringá, de 21 a 25 de março, na Biblioteca Central da UEM. E Akira Kurosawa (numa zona de avizinhamento “estético” com o filósofo francês Gilles Deleuze, vocifera: “A arte serve para prejudicar a tolice (ego), faz da tolice algo de vergonhoso”.

Em seguida, Akira Kurosawa, numa alquimia do “Sonho”, enquanto infinitesimais, que numa incessante física do caos, dançam metamorfoseando, uma máquina de guerra contra o paradigma tradicional, que educa sobre a cartilha de adestramento da dialética do mesmo, da reprodução em série da matrix, da “manada” humana…

…E um dos sete samurais de Kurosawa é nada menos, que Ilya Prigogine, que através de suas pesquisas no campo da termodinâmica de processos irreversíveis da teoria dissipativas (se Nietzsche declarou a morte de Deus), , Prigogine declara a morte das “Verdades” (ou o fim)…

Do nada, furando o vazio do pensamento, salta do cume da Catedral e vem voando na biologia da multiplicidade e pousa lentamente como uma abelha, no campus da UEM, o nerobiólogo chileno, que constrói uma crítica ao realismo matemático, Maturana que vem juntamente com seu parceiro (outro samurai de Kurosawa), Francisco Varela. Foram eles quem criaram a teoria da autopoiese e da Biologia do conhecer, retirando o pensamento das grades do determinismo científico, e liberando a teia cognitiva de uma biologia que funda uma nova ética, destronando o darwinismo.

Outro samurai invocado por Kurosawa, Fritjof Capra, revirando o paradigma científico de ponta cabeça, e descortinando uma nova compreensão “científica”, da teia dos sistema vivos, onde a cognição se desdobra não mais nas famigeradas dicotomias de dentro e fora, certo e errado, bem e mal…mas, na própria imanência do uno e múltiplo, num eterno jogo do retorno das diferenças, provocando uma Revolução da Incerteza, definitivamente, o fim do determinismo newtoniano e do paradigma tradicional!

Kurosawa visita a UEM, e traz outro samurai: Dersu Uzala, disseminando a utopia realizante de Paulo Freire, da urgência de “salvarmos” o planeta, desconstruindo as políticas capitalistas predadoras, geradora de injustiça social, destruidora da fauna e da flora, impositora de uma “moral” doentia do escravo do capital, enquanto doutrinador do desejo.

E no Teatro da Uem, outro Samurai de Kurosawa, o iconoclasta, o destruidor de mitos e ilusões, Friedrich Nietzsche, que joga no liqüidificador, às bases, do pensamento ocidental, incitando uma estética do nobre, do trágico aristocrático em contrapartida com o ressentimento e a moral plebéia capitalista….Mas Nietzsche, não veio só, com ele, outra fera, outro samurai de Kurosawa, Baruch Spinoza, que municia à alma esquizo, para o embate contra a maioria neurótica-capitalista, Spinoza pormenorizadamente desmonta cada peçinha do relógio mecanicista de Descartes (produtor de tristeza e despontencialização da vida).. sim, Spinoza desmonta num Sim afirmativo à vida trazendo a alegria como motor do pensamento e da potência da vida: que jamais podem ser separadas…

É…essa UEM nunca mais será a mesma. E Kurosawa, de bobo não tinha nada, sabe, que todo o pensamento sistêmico, que pretende-se cosmopolita, deve celebrar sua tribo, Kurosawa, (CPC), homenageando à história do jornalismo local, dedica essa exposição de grafismos cinematográficos, ao grande baluarte do jornalismo maringaense, Verdelírio Barbosa, fundador e diretor presidente do histórico JORNAL DO POVO, de Maringá.

Kurosawa visita à UEM e convida a todos “entes” vivos a visitarem a exposição.
Citando Paulo Leminski, Kurosawa termina sua comunicação mediúnica com seu médio escriba (he, he…):

“Eu tão isósceles
Você ângulo
Hipóteses
Sobre meu tesão
Teses sínteses
Antíteses
Vê bem onde pisas
Pode ser meu coração…
Ah, esse Kurosawa, esse mago da sétima arte será apresentado com toda sua obra e vida minunciosamente em Cinema de Papel, expostos nos grafismos cinematográficos…
Você não vai perder essa viagem na sétima arte….

(*) Newdemar de Souza – assessor de comunicação e articulador político do CPC.

(Foto: Governo do Japão)

A exposição de grafismos cinematográficos do diretor Akira Kurosawa (1910-1998), promovida pelo Centro Popular de Cultura, fica aberta até sexta-feira, das 8h às 22h.