Disparada, uma letra atual e uma paródia

]Uma música que focaliza o sertão brasileiro, “Disparada” ficou conhecida por falar sobre questões relativas à condição das classes mais pobres do Brasil, que são comparadas ao gado na letra da canção. Segundo o pesquisador Zuza Homem de Mello, a música era uma moda de viola que pintava a vida de um boiadeiro que era rei, de forma nunca antes vista no cancioneiro brasileiro.

Composta durante os primeiros anos da ditadura militar, a letra denunciava o tratamento a que eram relegadas as pessoas do sertão, que na época sofriam com a seca e a fome:

Aprendi a dizer não
Ver a morte sem chorar
E a morte, o destino, tudo
A morte e o destino, tudo
Estava fora do lugar

Como estes eram assuntos que a sociedade tradicional brasileira não gostava de tratar, a canção já começa avisando que irá revelar coisas do sertão que poderiam não agradar. Mas a quem esse tema não agradaria? 

Provavelmente àqueles que acreditavam nas versões oficiais das propagandas nacionalistas da época, que falavam em avanço econômico e tentavam mostrar o regime militar como algo positivo.

A letra de Vandré lembra que isso não era bem assim. Fazendo uma metáfora com a exploração da boiada pelos boiadeiros, o compositor denuncia que as pessoas estavam sendo tratadas da mesma maneira.

Porque gado a gente marca
Tange, ferra, engorda e mata
Mas com gente é diferente
Se você não concordar
Não posso me desculpar
Não canto pra enganar
Vou pegar minha viola
Vou deixar você de lado
Vou cantar noutro lugar

Saiba mais sobre o significado da música aqui e assista aqui a gravação original do Festival de Música da Record, em 1966 . Agora que você conheceu a história da música “Disparada”, de 1966, veja uma paródia, com referências a gado, como na original:

(Foto: Arte s/ reprodução TV Record)