Um rio, cuja água sempre vai…

Nas mais diversas correntes teológicas, o renascer emerge. Mas não apenas nas religiões. É uma estratégia constante da vida. Talvez para enganar a autêntica morte. O desaparecer da existência. O “nada se perde, tudo se transforma” é uma espécie de lápide eterna. Ao contemplar o Universo, em modernos telescópios, enxerga-se uma ebulição. Corpos celestes viram pó estelar. Mas eis que o pó se junta outra vez, formando outros, outros e outros corpos.
Meu professor, no antigo segundo grau, o saudoso Eugênio Cassol, repetia: tal como é em cima – é embaixo. No nosso diminuto planeta Terra, a vida só existe porque se transforma. Planícies de hoje se tornam desfiladeiros amanhã. Claro, o processo nem sempre é explícito. Mas nada parece morrer. Tudo é um desencadear de aparências. O mesmo que não é mais o mesmo. Fazendo do presente um eterno instante. No dizer de Heráclito, o rio, cuja água sempre vai.
A Páscoa, independente de cresças, pode ser vista assim. Um renascimento. Mas a mudança nem sempre é passiva. Dolorosa, às vezes. Contudo, providencial. Para o novo estourar o invólucro. Mais uma chance ao viajante. Que poderá chegar ao fim da viagem repleto de esperanças que poderão se materializar numa realidade menos cruel.
Feliz Páscoa! Aos crentes, cadentes e ateus!
(*) Donizete Oliveira, jornalista e historiador
(Foto: Roman Odintsov)
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