Em 2015, a filha da família Cordiolli, Nilva, liga para o pai, Laurindo, colecionador de antiguidades e é enfática: – Pai, o Corcel 1975 de dom Jaime Luiz Coelho será leiloado e você precisa comprar.

O pai não mediu esforços e foi o vencedor do leilão do veículo que pertencia à Mitra, cujo valor foi revertido para causas sociais.

Laurindo, em várias entrevistas disse que adquiriu o Corcel de dom Jaime, primeiro bispo e arcebispo de Maringá, para que o carro fosse dos maringaenses e que ficasse em Maringá: – O Corcel de dom Jaime sempre pertencerá a nossa cidade. O carro não é meu. É dos maringaenses.

Sonho realizado – O tempo passa e, em 2018, agora o veículo Del Rey GL, 1990, que também era usado pelo arcebispo, é colocado em rifa para sorteio, em prol ao Lar dos Velhinhos. A filha Nilva é informada por um colega de trabalho da rifa, comprou alguns números e não ganhou o veículo. O pai, Laurindo, também comprou vários números mas não foi o sorteado.

O carro foi deixado em testamento para o Lar dos Velhinhos, que dom Jaime (Franca, 26 de julho de 1916 — Maringá, 5 de agosto de 2013) ajudou a fundar.

Mas Nilva nutria em segredo o desejo de ter o veículo. Seu sonho era ter um veículo antigo mas de riqueza histórica para Maringá, cidade onde nasceu e vive até hoje.

Qual a surpresa quando Nilva fica sabendo que o pai adquiriu o veículo  Del  Rey de uma pessoa que havia comprado do sorteado. O vendedor disse ao seu Laurindo que queria vender o veículo, mas  que fosse para ele,  porque sabia que ele cuidaria com muito zelo.

Nilva conta que vários veículos que pertencem à coleção da família são de pessoas que queriam se desfazer deles mas queriam deixar com alguém que cuidasse deles, pelo valor estimativo.

Laurindo Cordiolli faleceu em dezembro de 2021. Na partilha da herança os filhos decidiram que não desfariam a coleção que era  a grande paixão do pai. Ficou combinado então que os irmãos Roberto, Sergio e Fernando continuariam cuidando dos veículos.

Mas Nilva queria um veículo da coleção do pai e este veículo era o Del Rey do Bispo. Ao conversar com o irmão Fernando e contar o seu desejo, este viabilizou com a concordância dos demais irmãos e hoje é a feliz proprietária do Del Rey histórico, recebido oficialmente nesta semana e declara:

– Faço minhas as palavras do meu pai: “O Del Rey do arcebispo pertence à Maringá. É dos maringaenses”. Ainda não acredito que o Del Rey é meu. Mas o meu sonho chegou até mim…

Fotos: Paulo Sergio