Crise no setor de abate de bovinos

Sindicarne pede apoio urgente ao setor, que há anos enfrenta crise no Paraná

De acordo com o Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado do Paraná, a paralisação do abate no Frigorífgico Big Boi de Paiçandu no dia 10 – que se tornou uma unidade de venda, “é um reflexo amargo da crise instalada no setor industrial da carne bovina nos últimos anos”.

O fechamento da unidade, que resultou na dispensa de funcionários, segundo documento do Sindicarne enviado ao governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD), corrobora versão de que a crise foi gerada pela combinação de uma extensa lista de fatores negativos como aumento de custos, fuga de matéria-prima para outros estados, desidratação do consumo interno, além da perspectiva sombria de aumento da carga tributária”.

Para o sindicato, “o cenário mercadológico da carne bovina paranaense já era adverso quando ocorreu o reconhecimento do estado do Paraná como Área Livre de Febre Aftosa sem Vacinação e a consequente imposição de medidas sanitárias restritivas à entrada de animais provenientes de outros estados onde a vacinação continua sendo adotada. Este quadro abalou fortemente a dinâmica da cadeia pecuária bovina estadual, gerando crescentes dificuldades e prejuízos aos frigoríficos paranaenses”.

A competição na compra de bovinos fez com que os custos ficassem mais caros. Em 2020, ano de início das restrições sanitárias, o êxodo de bovinos para outros estados (principalmente São Paulo) passou de 150 mil cabeças, impossibilitando aos frigoríficos paranaenses obterem as escalas de abate necessárias para rentabilizar minimamente suas operações. “Esse patamar recuou ligeiramente em 2021, mas voltou a subir com ainda mais força em 2022”, destacou a entidade em publicações especializadas.

“No setor, estima-se que o desestímulo derivado a elevação dos custos de produção no campo, atrelado à insuficiência de recursos direcionados ao fomento da pecuária de corte tenha causado uma redução do plantel bovino de corte paranaense em até 300 mil cabeças desde 2019. Muitas propriedades voltadas à terminação e/ou confinamento existentes no estado foram desativadas ou simplesmente desmanteladas”.

Para garantir a formação de escalas de abate e cumprir seus compromissos contratuais, os frigoríficos paranaenses foram obrigados a assumir um ônus logístico adicional exorbitante na busca de animais para abate a milhares de quilômetros, nos estados de Rondônia e Acre, que possuem o mesmo status sanitário. Mesmo assim, o volume de abates dos frigoríficos paranaenses com SIF recuou drasticamente, de 835 mil cabeças em 2019 para 795 mil cabeças em 2020 e 695 mil cabeças em 2021, uma queda de 17% em apenas dois anos.

“É vergonhoso e inaceitável para a tradição centenária da cadeia industrial da carne bovina paranaense que o Paraná continue seguindo no rumo de converter-se em mero fornecedor de gado para outros estados”, conclui o Sindicarne-PR.

Foto: Abiec