Servidor que denunciou escândalo da Covaxin volta ao Ministério da Saúde

Luis Ricardo Miranda, que ouviu Bolsonaro dizer que Bolsonaro desconfiava de Barros

O servidor público concursado Luis Ricardo Miranda, que denunciou à CPI da Pandemia um esquema fraudulento de compra de vacinas pelo Ministério da Saúde e foi perseguido e ameaçado, foi reintegrado à pasta, na mesma função que já ocupava. Ele retornou ao cargo de assessor na Secretaria Executiva do ministério. A informação é de Eliane Catanhêde, d’ O Estado de S. Paulo.

A portaria, assinada pela ministra da Saúde, Nísia Trindade, foi publicada no Diário Oficial da União no dia 15 e comemorada pelo senador Randolfe Rodrigues, que foi vice-presidente da CPI durante o governo Jair Bolsonaro e agora é líder do governo Luiz Inácio Lula da Silva no Congresso.

Após denunciar atos de corrupção no Ministério da Saúde, Luis Miranda foi ameaçado, teve de entrar para o programa de proteção de testemunhas, saiu do país e até mudou o visual, passando a usar barba. Agora, está de volta. Ele e seu irmão, então deputado federal, prestaram depoimento na CPI revelando esquemas ilegais de compra da vacina Covaxin, que era negociada por valores muito superiores às principais vacinas, mas nem sequer tinha sido aprovada no Brasil e no seu país de origem, a Índia.

Os dois irmãos também relataram que foram ao Palácio da Alvorada num fim de semana e contaram toda a história para o então presidente Bolsonaro, levando documentos. Mas nada foi feito, nem investigado, lembra o texto de Catanhêde. Por fim, pressionados pelos membros da CPI, eles disseram que Bolsonaro desconfiava da participação no esquema do seu então líder na Câmara, deputado Ricardo Barros, que fora ministro da Saúde do governo Michel Temer.

Nada aconteceu com Bolsonaro, suspeito de prevaricação, por tomar conhecimento de um escândalo sem determinar providências, nem com Ricardo Barros, nem com os demais citados nos depoimentos e no relatório final da CPI. Os únicos perseguidos foram os irmãos delatores. Para Randolfe, a reintegração de Luis Miranda ao Ministério da Saúde “é um alívio e uma questão de justiça”.

Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado