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Bia da maconha

É muito tênue a barreira entre usar e traficar drogas

Entre os 20 aos 65 anos de idade, à exceção dos períodos de suspensão de contrato por obrigações com a vida pública, dediquei-me ao magistério. E quantas vezes, deparei com a escravidão imposta pelas drogas, tendo a maconha quase sempre como porta de entrada. É impossível ser indiferente ante olhares tristes em carinhas novas, alienações em sala de aula, crises de saúde precocemente debilitada e o desespero dos pais.

É de fundamental importância o aprofundamento da pesquisa quanto ao lado medicinal da cannabis, nome científico dado para a maconha. Se por um lado, as farmácias estejam comemorando as vendas triplicadas do produto, é preciso evitar a banalização em curso ante o crescente plantio e contrabando da maconha, como que se fosse totalmente inofensiva.

As palestras e cursos a respeito da prescrição do canabidiol para convulsões ou esclerose múltipla deveriam ser ministradas por médicos, cientistas ou pesquisadores. Quando a polícia federal é acionada para deter o contrabando de maconha, inclusive em fundo falso de caminhões, é preciso que a cannabis de fato seja circunscrita ao ambiente científico.

A verdade é que os países que têm aprovado pura e simplesmente o uso indiscriminado da maconha, estão disseminando futuros cenários nada desejáveis de futuros dependentes de toda sorte de usuários e de traficantes de drogas.

A propósito, é muito tênue a barreira entre usar e traficar drogas. Geralmente, quem usa, tendo oportunidade também vende…até mesmo como forma de manter o vício.

Do primeiro à última aluna de minha jornada docente com quem convivi,
objetivando também tanto quanto possível a libertação da dependência química, a maconha sempre foi arrolada como um dos ingredientes iniciais de outras drogas mais e mais danosas.

A morfina é um analgésico opioide. Se usada com sabedoria, pode aliviar dores agudas de pacientes. Cautela com a cannabis.

Dedico essas reflexões à Bia, hoje liberta, que em plena caminhada rumo a uma Casa de Recuperação , não se cansava de repetir: preciso de cocaína, de fumar um crack…que desgraça ter começado com a droga da maconha.

A sabedoria popular continua valendo: “O medicamento que cura, pode também matar”.


(*)Tadeu França, ex-deputado federal constituinte

Foto: Rodnae Productions

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