Há quanto tempo ninguém falava comigo!

Deputado Luiz Carlos Hauly “conversa” com Ulysses Guimarães

Tenho que admitir, querido Hauly, que me emocionei. E continuo emocionado com seu gesto.

Há quanto tempo ninguém falava comigo!

Sinto-me lisonjeado com a homenagem que a Câmara dos Deputados me fez com a estátua em tamanho natural instalada em suas dependências e em local de grande afluxo de pessoas.

Mas as pessoas estão sempre apressadas, cruzam comigo, olham-me de esguelho; quando muito, detém-se diante de mim, contemplam a forma que deram ao bronze, e partem…

Você conversou comigo!

E conversou num dia de grande alegria para você, sua família, eleitores – para o Brasil, enfim, porque você é um GRANDE congressistas (Isso mesmo, GRANDE em letras maiúsculas). Alegria da qual compartilho.

Você voltou para a Câmara, de onde não deveria ter saído – o destino muitas vezes nos é cruel! E voltou num momento decisivo para o Brasil. Decisivo e tumultuado, pois a democracia pela qual lutamos nunca esteve tão ameaçada.
A reforma tributária é sua principal bandeira, assim como a política foi a minha. Orgulho-me do que fiz para o Brasil ao lado de homens honrados como Fernando Henrique Cardoso, José Richa Pai, Alvaro Dias, Mário Covas e Tancredo Neves, para citar apenas os que mais se destacaram na luta pela redemocratização.
Comandei a Assembleia Nacional Constituinte, que permitiu a instalação do Estado Democrático de Direito em sua plenitude, e no ano seguinte à sua promulgação fui humilhados nas urnas na disputa pela Presidência da República.

As circunstâncias são outras, mas servem de alerta para você: não seja soldado de uma só causa, pois a reforma tributária te dá mídia e prestígio junto ao empresariado, mas não reverte em votos – que o digam as duas últimas eleições, não é, meu caro? Portanto, hasteie o mais alto possível a bandeira da reforma, mas a circunde de outras, menores porém vistosas, para atrair a atenção do mais amplo espectro de espectadores (e eleitores).

Ah, sim, meu caro – e peço desculpas pelo atrevimento – lembre-se de que, quando numa entrevista a tevê e rádio, termos técnicos são incompreensíveis para a maioria da população e que 30 segundos de explanação equivalem a um século e um minuto a uma eternidade.

Mais uma vez, querido amigo, muito obrigado pela demonstração de carinho. Quando quiser, procure-me, e isso me deixará muito feliz. Não precisa agendar. Estou sempre à disposição e no mesmo lugar.

Abraço afetuoso.
Ulysses

(Mensagem psicografada por José Pedriali)