Censo demográfico: Maringá cresceu 14,7% em 12 anos; região metropolitana, 18,89%

Prévia divulgada há poucos meses apontava que cidade teria mais de 454 mil habitantes

Enquanto esta semana o movimento municipalista, representado pela Confederação Nacional de Municípios alertava para os impactos do Censo Demográfico divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o prefeito de Maringá, Ulisses Maia (PSD), que integra a Frente Nacional de Prefeitos, ‘concorrente’ da CMN, comemorava os 14,7% de aumento populacional em 12 anos. Londrina, neste período, cresceu 9,7%.

“Maringá cresceu quase 15%, mais que a média paranaense, e chegamos a 409.657 habitantes, segundo o IBGE! Somos a 3ª cidade mais populosa do Paraná e tivemos um crescimento maior que as duas primeiras do Estado, Curitiba e Londrina”, escreveu, acrescentando que Maringá, que vive um processo único de verticalização, “é a capital do interior”. A manifestação, claro, foi em rede social, já que o site oficial de notícias da prefeitura trouxe em junho 41 matérias, o que dá média de 1,3 release por dia, considerando dias corridos.

Para a CMN, os dados não representam com fidedignidade a realidade do país e impacta diretamente nos recursos transferidos aos Entes locais, especialmente em relação ao Fundo de Participação dos Municípios e a diversos programas federais que consideram o porte populacional. A entidade tem razão, já que a população brasileira teve uma redução de aproximadamente 4 milhões de habitantes frente à prévia do Censo divulgada no final de dezembro de 2022 e 10 milhões em relação às estimativas populacionais divulgadas em 2021.

Mesmo o caso de Maringá que, ao contrário da maioria, cresceu, os números são distantes do que se anunciava meses atrás. Em janeiro passado, a prefeitura destacava em release que a cidade, de acordo com os números prévios do IBGE, era a segunda do Paraná em crescimento populacional, ganhando 97.029 novos habitantes em 12 anos, “e chegou a 454.146 habitantes”. Os números divulgados na quarta-feira deram uma diferença de 44.489 moradores a menos do que o esperado 4 meses antes. A diferença equivale, por exemplo, a mais que Marialva (41.851) e pouco menos que Paiçandu (45.962 habitantes).

De outro lado, o estudo mostrou crescimento das regiões metropolitanas, e o Paraná, com 9,56%, passou a média nacional, que foi de 6,5%. A maior variação é o da Região Metropolitana de Maringá, por exemplo, que tem 26 municípios onde a população passou de 713.650 para 848.450 – aumento de 18,89%, quase o dobro da média estadual. Pelo destaque de Floresta (76,33%) e Mandaguaçu (69,03%), por conta de empreendimentos imobiliários, parece que renascem as cidades dormitórios, já que crescem num ritmo surpreendente que não acompanha o crescimento de serviços públicos – o que implica número de servidores. Serviços como os de saúde acabam sendo absorvidos por Maringá, local de trabalho de boa parte desta população regional. Seria o que os estudos chamariam de exclusão provocada por desigualdades.

Em Maringá, com os novos números, temos salário médio mensal de 2,6 salários mínimos (trabalhadores formais), 199.754 pessoas ocupadas (46,4% da população) e 26,1% de habitantes com rendimento nominal mensal per capiuta de até 1/2 salário mínimo. Em relação à densidade demográfica, Com 409.657 pessoas, Maringá tem 841,16 habitante por quilômetro quadrado, contra 733,14 hab/km² verificados 13 anos atrás, quando a cidade tinha 357.077 pessoas.

Foto: Thiago Louzada/PMM