Conselho de Cultura de Maringá critica remoção de arte urbana no espaço público

Arte urbana: o atraso faz Maringá continuar apagando seu patrimônio

O Conselho Municipal de Políticas Culturais de Maringá, presidido por Susy Oliveira, emitiu nota de notificação em rede social a respeito da remoção de grafites que estavam em espaços públicos. Embora não seja explícita, a nota do CMPC refere-se à atitude das secretarias de Esporte e Lazer, de Educação e Juventude, Cidadania e Migrantes, que promovem desde ontem um festival de grafitei e apagou as obras que ali estavam para que outras pudessem ser promovidas.

Há seis anos, em São Paulo a justiça proibiu o então governador João Doria, de apagar grafite sem aval do conselho do Patrimônio Histórico e Cultura. Em Maringá, o sumiço de grafites é apenas uma das muitas alterações promovidas em relação inclusive à história da cidade, com a “modernização” de próprios públicos de valor histórico e arquitetônico. No caso do festival de grafite, estranhamente, não há participação da Secretaria Municipal de Cultura, apesar de o grafite ser uma manifestação de arte urbana.

A nota do CMPC diz que as expressões culturais de rua “são mais que quadros ou processos de embelezamento das paisagens, enquanto Movimento Cultural (sic) posicionado historicamente nos espaços urbanos, a arte de rua é mais que um produto visual e constitui também um arcabouço memorial que nas próprias ruas, conta a história e existência de uma comunidade social e cultural. Deste modo, alertamos que ações “aleatórias” como esta podem constituir o apagamento do patrimônio cultural e identitário do povo hip-hopper, entre outros que também ocupam as ruas”.

O festival de grafite tem como tema ′Vida nos Muros′ e reúne 125 artistas do Brasil e da América Latina, que estão realizando, de acordo com a administração, “a pintura e transformação de espaços da Vila Olímpica, além de escolas municipais e o Centro da Juventude. O secretário de Esporte e Lazer, Robson Xavier, entende que o complexo esportivo da Vila Olímpica “foi transformado completamente pela gestão municipal e seguimos com as melhorias. Neste ano, ampliamos para escolas municipais e outros espaços, que também serão revitalizados com o trabalho artístico”.

Em 2018 um grafite do artista Paulo Ito, de São Paulo, que participou de encontro em Maringá organizado por Marcelo Yukio Goto, foi apagada da lateral do Ginásio de Esportes Valdir Pinheiro pela própria Prefeitura de Maringá por conter crítica social – no caso, contra a vociferação pró-violência feita pelo então deputado federal Jair Bolsonaro. A atitude, que aconteceu após pedido de bolsonaristas, horas depois da obra concluída, foi condenada por artistas. O caso teve repercussão nacional.

Fotos: Divulgação/Arquivo