A crise ética e moral na medicina brasileira
Por Dr. Bruno Gino, em seu blog:
Na medicina, a ética desempenha um papel fundamental, moldando não apenas a prática médica, mas também a formação dos futuros profissionais de saúde. Recentemente, o Brasil tem testemunhado eventos perturbadores que lançam uma sombra sobre a integridade ética dos estudantes de medicina, em um momento em que a confiança na profissão está abalada.
O Caso dos Estudantes de Medicina e o Jogo de Futebol Feminino – Em setembro de 2023, um incidente chocante ocorreu durante um jogo de futebol feminino envolvendo estudantes de medicina da Universidade de Santo Amaro (Unisa). Durante a partida, um grupo de acadêmicos simulou um ato de masturbação coletiva em público, um comportamento que não apenas viola os princípios éticos (BÁSICOS!), mas também ofende a dignidade das pessoas envolvidas e mancha a imagem da profissão médica.
Este episódio lamentável não pode ser tratado como um incidente isolado, mas sim como um reflexo mais amplo dos desafios éticos que os estudantes de medicina podem enfrentar durante sua formação. A conduta antiética desses estudantes deve ser abordada com seriedade pelas instituições de ensino médico e pelos órgãos reguladores, a fim de garantir que valores éticos sólidos sejam transmitidos desde o início da carreira médica.
O Caso do Médico Obstetra e Questões Éticas do Passado – Além do incidente envolvendo os estudantes de medicina, não podemos esquecer o caso chocante de um médico obstetra que estuprou uma paciente durante um parto, revelando uma falha ética grave na prática médica. Isso levanta a questão sobre como eventos tão horríveis podem ocorrer em uma profissão cujo juramento hipocrático preconiza “não prejudicar” como princípio fundamental!
Os desafios éticos na medicina não são novos. Desde a Grécia Antiga, filósofos como Hipócrates debateram e estabeleceram os fundamentos éticos da medicina. O juramento hipocrático, escrito há séculos, ainda ecoa nos corredores das instituições médicas em todo o mundo. Ele não apenas enfatiza a importância de cuidar do bem-estar do paciente, mas também ressalta a necessidade de agir com integridade, ética e respeito.
Reflexões Finais – Como médico e professor de medicina no Canadá, vejo esses eventos com grande preocupação.
A formação ética dos futuros profissionais de saúde é um componente crítico da educação médica. No entanto, esses casos recentes no Brasil nos lembram que há desafios significativos a serem superados para garantir que os valores éticos sejam preservados em toda a carreira médica.
A ética médica não é um luxo, mas sim o alicerce sobre o qual a medicina é construída.
Ela é essencial para manter a confiança dos pacientes e garantir a qualidade e a integridade da assistência médica. Portanto, é imperativo que as instituições de ensino médico, os profissionais de saúde e a sociedade como um todo estejam comprometidos em promover e reforçar os princípios éticos que são fundamentais para a prática da medicina.
Em última análise, o desafio ético na medicina é uma questão que transcende fronteiras e exige um compromisso universal com os mais altos padrões éticos. A ética médica não é uma opção, mas uma obrigação que todos na profissão devem abraçar, independentemente de sua origem ou localização geográfica.
Somente através desse compromisso conjunto podemos garantir que a medicina continue a ser uma profissão que coloca o paciente e a ética no centro de tudo o que faz.
(*) Bruno Gino MD MHSc é escritor, autor do livro “Poesia que Cura,” disponível na plataforma Kindle da Amazon.
Além disso, ele é médico, graduado pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia em 2016, com um título de Mestre em Health Sciences pela University of Ontario em 2023. Entre 2020 e 2021, ele atuou como Professor Adjunto na Faculty of Health Sciences da University of Ontario e, posteriormente, como Professor Adjunto na disciplina de emergências na School of Medicine da Memorial University em Newfoundland and Labrador, desempenhando essa função de 2020 a 2023. No campo editorial, o autor também contribuiu como Deputy Editor para a revista Annals of Simulation/Emergency Medicine na Cureus Journal of Medical Science, que faz parte do prestigioso grupo Springer Nature. Sua dedicação à divulgação científica e ao ativismo pelos direitos humanos o tornaram uma figura influente nas redes sociais, onde conta com uma comunidade de mais de 180 mil seguidores.
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