As ONGs da Michelle

Instituto presidido por diretor da Vitru/UniCesumar recebeu recursos de programa sem critérios

Uma ONG de Maringá foi citada em reportagem de Alisson Matos, no site O Bastidor, sobre supostas irregularidades em atos da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e a ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos e atual senadora Damares Alves. As duas lideravam o programa Pátria Voluntária, coordenado pela Casa Civil e extinto em janeiro deste ano.

Planilhas obtidas pela CPI das ONGs, onde a base governamental tem minoria, mostram os valores destinados a instituições missionárias evangélicas durante a vigência do Pátria Voluntária. “Uma auditoria do Tribunal de Contas da União feita no Pátria Voluntária apontou a ausência de critérios objetivos e isonômicos para a seleção de instituições beneficiárias dos recursos. Na prática: faltava uma regra clara para escolher quem seria beneficiado, o que abre espaço para irregularidades”.

Entre as ONGs citadas pela reportagem está o Instituto Missional, que recebeu mais de R$ 391 mil para atuar em oito cidades do Amazonas. “Os dados disponibilizados pela Casa Civil mostram que a ONG atendeu 2.200 pessoas por cidade, totalizando 17.600 pessoas. Não é possível checar se isso é verdade. Em sua página no Facebook, o Instituto Missional publicou em julho de 2020 um vídeo sobre o que chamou de Operação Amazonas, com imagens de entrega de cestas básicas”, acrescenta. Um site com o nome da operação recolhe doações. Em 2021, com o instituto controverso, a UniCesumar recebeu mais de R$ 9 milhões em bolsas do Promube. De acordo com a Receita Federal, no CNPJ do Missional a razão social/nome fantasia agora é Instituto Legendários.

Instituto funciona na avenida Guedner, dentro da UniCesumar

O ​Instituto Missional, criado em 1º de abril de 2016 e que funciona na Unicesumar, é presidido pelo empresário Weslley Kendrick Silva, diretor de Relações Institucionais na UniCesumar e filho do reitor Wilson de Matos Silva, ex-presidente do PSDB. Weslley é diretor do Conselho de Administração da Vitru Educação, líder no mercado de educação digital no Brasil e que no quatro trimestre de 2022, lucrou R$ 49,3 milhões.

Fotos: Carolina Antunes/PR/Instituto Missional