38ª Mostra Afro-Brasileira Palmares expõe obras na OAB Londrina e na UEL
Até o dia 20, londrinenses e moradores das cidades vizinhas estão convidados para conferir a 38ª edição da Mostra Afro-Brasileira Palmares. Realizada pelo Instituto do Movimento de Estudo da Cultura Afro-Brasileira (Imecab), a iniciativa apresenta obras de diversos artistas afro-brasileiros em duas instalações, ambas com entrada gratuita. Desde o dia 1° de novembro, 41 telas estão expostas na Sala de Exposição Ana Paula da Silva – Scarlet, localizada na sede histórica da Ordem dos Advogados do Brasil/Subseção Londrina. E desta terça a sexta-feira (10), outras 10 obras ficarão disponíveis ao público no Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade Estadual de Londrina.
A exposição de artes plásticas contempla obras de artistas renomados, como Valdomiro de Deus, Jajá Belucco, Agenor Evangelista, Elifas Andreato, Nerival Rodrigues e Kátia Borges, entre outros. Na OAB Londrina, a Mostra será mantida até o dia 20 de novembro, com visitação em horário comercial. O endereço é Rua Professor João Cândido, 322, 4º andar. Já na Casa Dona Vilma – Yá Mukumby, sede do Neab-UEL e localizada no Campus da universidade, o horário de funcionamento será das 8h às 12h, das 14h às 18h, e das 19h às 22h.
A 38ª Mostra Afro-Brasileira Palmares tem apoio da Prefeitura de Londrina, por meio da Gestão Municipal de Igualdade Racial, e do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial. Conta com patrocínio da Lei Rouanet do Ministério da Cultura, Copel, Sanepar e Governo do Estado do Paraná. E todas as obras que compõem a 38ª edição da Mostra, tanto no NEAB-UEL como na Sala de Exposições da OAB Londrina, fazem parte do acervo próprio do Imecab.
O curador e coordenador da Mostra, Vagner Nogueira, destacou que é a primeira vez que a iniciativa é levada para uma universidade, desde sua primeira edição. “O Imecab não atua sozinho, ele atua com o Movimento Negro, o Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial, com a Gestão Municipal de Igualdade Racial, o Neab, sempre com o objetivo geral de promover a igualdade racial. E a arte é uma das coisas que incentiva as pessoas a refletir. A Mostra Afro-Brasileira tem esse perfil, de levar para a comunidade, através da arte, a igualdade racial. Nós também debatemos e conversamos essa questão, mas quando se tem contato com a arte, sabemos que ela transforma, assim como a educação”, pontuou.
Outras atividades que compõem a Mostra Afro-Brasileira Palmares já foram realizadas no decorrer deste ano. Entre elas, a Feira Afro-Criativa de Empreendedores Negros, que ocorreu no mês de junho, a 7ª Mostra de Música Afro-Brasileira, em julho, e o 4º Ciclo de Oficinas e Palestras, promovido no mês de outubro em parceria com a Associação Londrinense de Circo.
Para este mês, marcado pelo Dia da Consciência Negra, também estão previstas novas palestras, todas voltadas à promoção da igualdade racial.
As atividades formativas da Mostra Afro-Brasileira Palmares incluem encontros em escolas e colégios, tanto da rede pública como particular. “Nas escolas, os alunos são ensinados que a libertação dos escravos ocorreu em 13 de maio, e há uma confusão entre educadores e alunos sobre o porquê do 20 de novembro. É preciso desmistificar essa questão do 13 de maio e do 20 de novembro, porque a primeira data foi um massacre para a cultura afro-brasileira e para o negro. Após a Lei Áurea, cerca de 5 milhões de negros foram mandados embora sem nenhum direito, nenhum ressarcimento, sem ter onde morar ou para onde ir, e sem nenhum dinheiro. Esse massacre é lembrado como um ato heroico, e não foi. A data do 20 de novembro é sobre promovermos a igualdade racial, é quando chegamos nas pessoas para conscientizar sobre o tema”, destacou Nogueira.
De acordo com a gestora municipal de Igualdade Racial da Prefeitura de Londrina, Fátima Beraldo, a Mostra Afro-Brasileira Palmares resiste, há quase quatro décadas, enquanto projeto cultural comprometido com a promoção não só de artistas, mas, também, da cultura negra em seus múltiplos contornos na sociedade londrinense. “Ela se posiciona como um dos movimentos culturais negros de Londrina da maior relevância, tanto na perspectiva de valorização e visibilidade da cultura negra, quanto no envolvimento com a luta antirracista. E coloca a cidade no circuito nacional e internacional, no tocante à arte e cultura negra. Hoje, a Mostra já ganhou uma dimensão internacional, o que é muito significante para o município”, destacou.
Beraldo complementou apontando que Londrina se destaca em diversos setores quando se trata da igualdade racial. Em 2023, por exemplo, uma pesquisa do Instituto Geledés mostrou que o município está entre as cinco cidades do país que apresentam um trabalho inovador com a lei nº 10.639 de 2003, que trata da inclusão obrigatória do ensino da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, em escolas públicas e privadas. Essa legislação foi atualizada pela lei nº 11.645, de 2008, que dá a mesma orientação com relação à História e Cultura Indígena. “E o mesmo acontece na área cultural, com a Mostra Afro-Brasileira Palmares que, para além de valorizar a arte e artistas locais, promove um movimento educacional da maior importância junto às escolas, tendo como foco principal a desconstrução do racismo”, finalizou. (Juliana Gonçalves/NCom)
Foto: Divulgação/Imecab