Para a poderosa elite das mineradoras continua valendo a pena apostar na impunidade. Afinal de contas, existe alguém preso pelas 272 pessoas mortas pelo desastre ambiental de Brumadinho? Não.
A mineradora Vale esclareceu que as perfurações verticais e o grande volume de rejeitos minerais inativos acumulados foram os responsáveis pela tragédia ambiental que em 2019 matou as centenas de inocentes, hoje homenageados pelo registro dos nomes deles em placa especial. Sim, parlamentares da época também aprovaram o dia 25 de janeiro, como sendo o Dia do Luto em memória aos cadáveres. O crime valeu também uma CPI que acumulou uma avalanche de papéis à procura dos responsáveis que a tantas famílias enlutaram.
Ora, qualquer semelhança com o atual drama ambiental de Maceió não é mera coincidência. Até o momento, 60 mil pessoas já abandonaram as suas casas com medo de um desabamento na área central da cidade. Enquanto isso, a poderosa mineradora Braskem que explorava sal-gema no solo em até 1 quilômetro de profundidade considera- se isenta de qualquer responsabilidade pela desordem ambiental reinante.
CPI? A exemplo do ocorrido em Brumadinho, o senador Renan Calheiros já se propôs a instalar. De sua parte, o também alagoano Lira, presidente da Câmara dos Deputados, pressiona por verbas públicas, mas nada de investigações que possam comprometer a Braskem e demais responsáveis pelo desastre ambiental de consequências ainda imprevisíveis.
A população atingida? Já foram evacuados 5 bairros de Maceió, mas os poderosos executivos da mineradora Braskem a exemplo dos também poderosos executivos da Vale há quase 5 anos, contam os seus lucros formidáveis, apostando na inexistência de uma cultura de segurança válida para crimes ambientais em nossa terra.
(*) Tadeu França, ex-deputado federal constituinte