Bertholdo diz que foi perseguido por questão “pessoal” pelo senador Sergio Moro

Advogado, que passou por cinco presídios, faz acusações contra ex-juiz

O colunista Joaquim de Carvalho, do site Brasil 247, entrevistou Roberto Bertholdo – que atuou em defesa de pepistas como o londrinense José Janene e o maringaense Ricardo Barros, chegando a ser nomeado conselheiro na Itaipu Binacional, indicado pelo jandaiense José Borba – e falou das gravações envolvendo o ex-juiz e atual senador Sergio Moro (União Brasil). Na entrevista ele elogia várias vezes o presidente Lula. Moro, que costuma se pronunciar em rede social, ainda não se referiu à entrevista.

Em novembro de 2005, Bertholdo teve a prisão preventiva decretada pelo juiz substituto da 2ª Vara Criminal da Justiça Federal (especializada em crimes de lavagem de dinheiro), Gueverson Rogério Farias. Segundo o extinto Jornal do Brasil, contra ele pesavam suspeitas de que grampeou um juiz [Sergio Moro], comprou sentença, lavou dinheiro e se valeu de tráfico de influência para ganhar causas de clientes. A denúncia foi apresentada pelos procuradores da força-tarefa do Ministério Público Federal que investiga lavagem de dinheiro.

Em 2020, detalhou o jornalista Luiz Nassis, ele foi preso na Operação Witzel e novamente apontado como lobista, amigo e braço direito de Ricardo Barros (PP), à época na vitrine nacional, por ter sido ministro da Saúde.

A entrevista à TV 247 apresenta Bertholdo, que foi dono de portal de notícias em Curitiba, como tendo quebrado um silêncio de 18 anos “e revelou acreditar que Sergio Moro o perseguiu para se vingar de uma questão pessoal e também porque já tinha um projeto político para desestabilizar o governo de Lula”. Considerando o que já se publicou a respeito dos envolvidos, há que se ter extrema cautela.

“Eu cometi um erro: comentei com juízes, desembargadores e ministros o que ouvi na gravação”, disse. Era algo pessoal. Segundo ele, foi essa a razão de Moro ter realizado prisões que levariam até o seu encarceramento.

Bertholdo citou a prisão do empresário Tony Garcia, em novembro de 2004. Tony era seu cliente e tinha sido cabeça de chapa na eleição para o Senado em 2002, na qual Bertholdo era candidato a primeiro suplente, lembra no colunista.

Com a prisão, Tony Garcia seria forçado a fazer acordo de colaboração e se tornaria agente infiltrado do então juiz. Uma das ações cumpridas por Garcia foi a de que Bertholdo, segundo Tony, teria “segurado” uma ação penal envolvendo Ricardo Barros na Justiça Federal. Bertholdo mais recentemente voltou à cena como eminência parda no governo de poucos meses de Cida Borghetti Barros (PP), vice de Beto Richa, que também foi alvo de Tony. Abaixo, a entrevista, com a cautela recomendada:

Foto: Reprodução