Procon suspende atividades de financeira com centenas de reclamações

Fiscal do Procon coloca o aviso de suspensão na porta da empresa

O Procon, da Prefeitura de Maringá, suspendeu há pouco as atividades da empresa O Solucionador, na avenida Duque de Caxias, no centro da cidade. A interdição foi confirmada pelo órgão. O motivo foi um grande volume de reclamações registradas por pessoas que fizeram renegociações de suas dívidas e não tiveram seus casos resolvidos. Em algumas situações, a dívida ainda aumentou. A empresa também teve os mesmos problemas em outras cidades do Paraná. A suspensão é temporária.

No Procon maringaense há mais de 300 registros, entre denúncias, Cartas de Informações Preliminares (CIPs) e processos em andamento.
Somente entre maio de 2022 e junho de 2023 foram registrados 69 casos contra a empresa em Maringá.

REINCIDENTE – Essa não é a primeira vez que o órgão de defesa do consumidor atua em casos sobre o O Solucionador. Em julho do ano passado foi aplicada uma multa de R$ 121 mil. Que além de não ser paga pela empresa, os problemas ainda continuaram. A empresa também respondeu fora do prazo dado na notificação e as repostas não foram adequadas.

E, desde a autuação em julho de 2023, foram registrados 56 novos casos de vítimas alegando que a empresa não estaria cumprindo com os serviços contratados pelos clientes.

As vítimas relatam que eram orientadas a deixarem de pagar suas dívidas originais, se tornando inadimplentes, para que os valores fossem renegociados pelo O Solucionador. O que não ocorria. Com isso, o consumidor ficava com a dívida original e mais a dívida com O Solucionador.

Entre as irregularidades, conforme o Código de Defesa do Consumidor, estão fomentar a inadimplência, vantagem abusiva, falha na prestação de serviços, entre outros. Há ainda casos de não fornecimento de nota fiscal dos serviços prestados, recibos fornecidos para clientes de Maringá com dados da empresa de outras comarcas, entre outras situações.

PENA – A interdição da empresa foi comunicada aos responsáveis sob pena de multa diária de R$ 12 mil ao dia em caso de descumprimento. A interdição é para a empresa ficar fechada, sem atendimento, e foi feita seguida de documentação solicitando informações e respostas para 17 itens especificados na investigação, notificação e autuação pelo Procon. A empresa tem 30 dias para responder. O Procon avaliará as respostas para definir o caso.

PERSONAGEM – Entre as vítimas está a aposentada Fátima Eugênio Montesso, 62. Ela e o marido, João Soares, 76, compraram um carro financiado no final de 2022. Como as parcelas pesaram no orçamento familiar, ela procurou O Solucionador depois de ver uma propaganda da empresa na televisão. A aposentada alega que foi orientada pela empresa a deixar de pagar as prestações para que a dívida fosse renegociada. Após a terceira parcela atrasada, o banco do financiamento começou a cobrar a cliente.

Com receio de maiores problemas, a aposentada devolveu o veículo. Mas, continuou sendo cobrada pelo O Solucionador por uma dívida em torno de R$ 10 mil. O contrato foi feito no nome do marido, que sofreu acidente vascular cerebral (AVC) em 2021. Dona Fátima tem a procuração para tratar do caso. O idoso doente teve o nome negativado pelo O Solucionador e está com restrição de crédito na praça. Para piorar a situação, o carnê com as parcelas para O Solucionador foi confeccionado pela empresa com dados da comarca de Guarapuava, mesmo o contrato sendo feito em Maringá.

REGISTRO – O Procon orienta que os consumidores que tiverem problema com O Solucionador ou outras empresas, entrem em contato pelo telefone 151 ou registrem reclamação na sede, na avenida Horácio Raccanello Filho 5.645, esquina com a avenida Herval, ao lado do terminal urbano de passageiros do transporte coletivo. O reclamante deve levar os documentos pessoais, um comprovante de endereço e prints ou documentos que confirmem a negociação.