Hospital mantido por vencedora de licitação do Hospital da Criança pode fechar
Hospital Martagão Gesteira tem déficit anual de R$ 15 milhões em Salvador (BA); situação foi apresentada em abril aos vereadores da capital baiana (foto). A mantenedora do hospital, a Liga Álvaro Bahia, venceu ontem a concorrência para fazer funcionar o Hospital da Criança de Maringá
Vencedora da primeira etapa da concorrência para administrar o Hospital da Criança de Maringá (concessão de uso para sua exploração), o Hospital Martagão Gesteira, mantido pela Liga Álvaro Bahia Contra a Mortalidade Infantil, corre o risco de fechar em Salvador (BA). É o que consta em matéria veiculada pela Câmara de Salvador, onde o superintendente Carlos Emannuel anunciou um déficit anual de R$ 15 milhões.
Carlos Emanuel, presidente do Legislativo, disse que “podemos concluir que pode ocorrer o fechamento deste hospital tão relevante para a nossa cidade e para a Bahia”. A proposta apresentada ontem na licitação do Hospital da Criança (R$ 210 mil como valor de outorga) é assinada por Braulio Xavier da Silva Pereira Neto, presidente daquela associação privada.
A matéria, disponibilizada no dia 1º de abril pela Câmara Municipal de Salvador, informa que o superintendente da Liga Álvaro Bahia, Carlos Emanuel, representando o Hospital Martagão Gesteira, fez pronunciamento em quefalou sobre os problemas financeiros que estão ocorrendo na instituição. O hospital tem um déficit anual de RS 15 milhões.
Na ocasião, o presidente da Câmara Municipal de Salvador, Carlos Muniz (PSDB), alertou que é importante que os poderes públicos estejam atentos à situação do Martagão Gesteira.
Carlos Muniz pediu muita atenção dos seus pares à mensagem de Carlos Emanuel no Plenário Cosme de Farias. “Esse assunto é muito sério, pois é inerente à saúde de crianças da capital e do interior do estado. O Martagão Gesteira é uma instituição muito importante. E através desse testemunho podemos concluir que pode ocorrer o fechamento deste hospital tão relevante para a nossa cidade e para a Bahia”, alertou o chefe do Legislativo Municipal da capital do estado.
“Viemos a esta Casa chamar a atenção para a relevância do hospital. É necessário reavaliar a forma de financiamento e de como lidar com a instituição. Realizamos setenta e cinco por cento de todas as cirurgias oncológicas de crianças em Salvador e sessenta e dois por cento de todo o Estado da Bahia. E sessenta por cento das crianças que chegam no Martagão Gesteira são transferidas de outras unidades pediátricas do nosso estado. Esse é o grau de complexidade que encontramos no hospital”, disse. Ele frisou também que 99 % das crianças atendidas no Martagão Gesteira são oriundas de famílias com renda inferior a dois salários mínimos.
O hospital é financiado pelo Sistema Único de Saúde . “Mas é público e notório que a forma de remuneração do SUS não contempla as necessidades do hospital. Já tivemos, inclusive, que fechar uma UTI e leitos de Enfermaria. E corremos o risco de desmobilizar mais leitos e serviços. Portanto, estamos aqui para sensibilizar a área política”, frisou Carlos Emanuel.
Foto: Antônio Queirós/CMS