‘Missão’ ao RS gera polêmica em Paranavaí

Oportunismo e populismo em relação à tragédia no Rio Grande do Sul foram verificadas em algumas partes do Brasil; Paranavaí enviou uma ‘missão’ que teria sido custeada com recursos públicos

Todos têm notado a boa vontade do povo brasileiro, e inclusive dos governos federal, estaduais e até municipal em alguns casos em socorrer o povo gaúcho neste momento que assola por força das enchentes. O inadmissível para muitos contribuintes é se utilizar disto para promoção pessoal, e pior ainda se isso é feito com dinheiro público.

Em Paranavaí, as redes sociais discutiram nos últimos dias a atitude do prefeito, Kiq (Podemos), que formalizou por meio de uma lei enviada à Câmara Municipal um pedido para que fossem autorizados gastos onde ele, alguns secretários municipais, o presidente da Câmara e alguns convidados pudessem, “sem prejuízo de seus vencimentos”, receber diárias e utilizar carros municipais, inclusive alguns pertencentes à Guarda Municipal, que atua no perímetro urbano, sendo que seus agentes foram armados para a chamada “Missão”. O projeto só foi encaminhado à votação depois que a comitiva seguiu para o Rio Grande do Sul, no dia 13, e, diante de manifestação de populares com respeito à legalidade, foi retirado de pauta.

Paranavaí, que já foi conhecida como a Capital da Fécula de Mandioca, Capital da Laranja e por ter uma bovinocultura forte, hoje é citada por ser a Capital da Corrida Maluca (um evento que teria sido feito com dinheiro público patrocinando uma corrida aos moldes do quadro de TV “A ponte do rio que cai”. Houve, ao que consta, até um concurso de casais na lama e de arrotos.

Utilizar dinheiro publico para se autopromover e usar o maior desastre no Rio Grande do Sul, na opinião de paranavaienses, são dois “pecados graves”. A missão foi finalizada sem a aprovação plena do projeto de lei.

O tema foi amplamente comentado em redes sociais, inclusive por Osesa Rodrigues de Oliveira (veja abaixo), pré-candidato a vereador pelo MDB, que explica abaixo o trâmite da autorização.

De acordo com a prefeitura, em release publicado no dia 16, um grupo de cidadãos de Paranavaí saiu logo pela madrugada com destino ao Rio Grande do Sul, em uma viagem “carregada de solidariedade,” a missão de entregar mantimentos e emprestar o mínimo de ajuda em um momento tão delicado, até o momento, está sendo cumprida.” O grupo passou por Vacaria e em Roca Sales, respectivamente a 900 e 1.000 quilômetros de Paranavaí.

Os atendimentos foram realizados entre as cidades, incluindo as zonas rurais, diz a prefeitura. “Eles precisam de praticamente tudo. Ajudamos na distribuição de alimentos, materiais de higiene, roupas, cobertores, até na limpeza de casas e escolas”, contou o presidente da Fundação Cultural, Rafael Torrente. O release não informa se os recursos utilizados na “missão humanitária”, como ficou conhecido, saíram ou não dos cofres públicos.

No site da transparência daquele município não há nenhum registro de pagamento de diárias para o Rio Grande do Sul. Um áudio do prefeito, em aplicativo de mensagem, diz: “Vocês devem saber, os vereadores, mas quando um servidor acompanha o prefeito numa viagem ele tem o direito de receber a mesma diária do prefeito e ninguém aqui recebeu a mesma diária que eu”. Em Maringá, assim como em várias outras cidades, os valores são diferentes em relação ao destino e cargo ocupado. Não se tem conhecimento, ainda, de outra cidade paranaense que encaminhasse ao Legislativo pedido semelhante.