Sem extremismos

O extremismo é ruim, de esquerda ou de direita, mas não faço distinção entre pessoas de bem, seja qual for a ideologia e essas jamais serão extremistas

Uma amiga compartilhou em sua rede social o seguinte texto: ‘Quando alguém relativa e diz: Esquerda e direita são farinha do mesmo saco, significa: Não tenho inteligência suficiente para separar as duas coisas’.

Para colaborar com a discussão, fiz o seguinte comentário: ‘Talvez o mais correto seja dizer que os extremismos de esquerda e direita sejam tão noviços, igualmente’. Minha amiga  concordou, com ressalvas  e  interrompo para buscar entendermos como surgiu esse conceito de esquerda e direita que, no Brasil,  se acentuou a partir de 2018, resumindo texto de Claudio Fernandes, no site Brasilescola.uol.com.br:

‘Durante a revolução que começou em 1789, na França, os girondinos, mais moderados e conciliadores, ocupavam o lado direito da Assembleia Nacional Constituinte,  e  os jacobinos, mais radicais o lado esquerdo. Essa é a origem da nomenclatura política atual que apontam direita e esquerda antagonicamente.

A polarização cria  problemas e  polêmicas, sobretudo porque, a partir do século XIX,  com radicalização ideológica tanto de um lado quanto do outro. Destaca-se ideias de autores considerados de direita, como Donoso Cortez e Charles Maurras, e dos  de esquerda, como Karl Marx e Bakunin, entre outros, que estimularam  gerações de intelectuais, movimentos políticos e ativistas, levando às últimas consequências a crença em sua ideologia.

Em geral, os segmentos ideológicos, seja de direita, seja de esquerda, quando chegam à sua forma extrema, desenvolvem perspectivas idealizadoras com vistas à “transformação do mundo”. Essa perspectiva utópica tem seus fundamentos, tanto na direita quanto na esquerda, na secularização das expectativas apocalípticas cristãs, que, no sentido original, tinham por meta aguardar a segunda vinda de Cristo e o juízo final. Com o advento do mundo moderno, tais expectativas transferiram-se para o domínio terreno e, a grosso modo, para a ação política e seu principal agente de transformação, o Estado.

Ideólogos de esquerda querem aperfeiçoar o mundo por meio de políticas que instaurem a  socialização dos meios de produção econômica, com ações que remetam à ideia  de igualdade. Já os de direita pretendem perfectibilizar o mundo a partir de uma perspectiva idealizada do passado e da tradição, de valores nacionais ou religiosos.

Chama-se de  “direitista”  sem muita acuidade crítica, ao pensamento conservador. De “esquerdista”  às reflexões e propostas progressistas. Mas conservadores e progressistas, muitas vezes, associam-se com liberais. Defendem ideias progressistas, como o aborto, políticas de cotas etc., mas e também a liberdade econômica, isto é, livre mercado, livre concorrência etc.; ou, ao contrário, quem defende política antiaborto, política contra as cotas e contra programas sociais fomentados pelo Estado, mas também se ajusta, igualmente, à prática do liberalismo econômico. Do ponto de vista político e ideológico, progressistas e conservadores divergem, mas concordam, por vezes, quanto à economia. Vê-se, então, que o problema é mais complexo do que se imagina.

Voltando à postagem da minha amiga, comento que, imaginando uma rodovia de pista simples, busco trafegar rente à faixa central do lado direito, quando vou, digamos da cidade ‘A’ para a B’, e posso usar a pista da esquerda para ultrapassagens, em algumas situações.  Faço o mesmo na volta da cidade ‘B” para ‘A’, e a pista de ida, que era de esquerda, passa a ser de direita. Evito trafegar pelos acostamentos, ou seja, pelos extremos,  de esquerda, ou de direita.

O extremismo é ruim, de esquerda ou de direita, mas não faço distinção entre pessoas de bem, seja qual for a ideologia e essas jamais serão extremistas. Ser de esquerda, com princípios éticos, morais, cristãos verdadeiros, aqueles que pautam suas vidas com base nos ensinamentos deixados pelo Mestre de Nazaré, não tem nada de diferente de ser direita, com os mesmos atributos, sem considera-las, pejorativamente, farinha do mesmo saco.