Em busca do prêmio de consolação?

Ex-secretário de Cultura (acima, em propaganda em outdoor no ano passado), que tem restrições da esquerda e da direita, disputará a vereança após tentar ser pré-candidato a vice-prefeito

Depois de tentar ser pré-candidato a vice no PP, Partido Novo e PSD, o ex-secretário municipal Miguel Fernando será candidato a vereador pelo MDB, onde se filiou inicialmente buscando ser vice de Edson Scabora. Há alguns anos, quando surgiu com o blog Maringá Histórica, hoje “um case de sucesso”, ele não protestou contra a derrubada do prédio da estação rodoviária municipal, por Silvio Barros II, alegando não ser político.

As suas redes sociais e um outdoor em que aparecia vestido de Indiana Jones (ou ‘Indiana Jeca’, como apelidaram adversos) já davam sinais de que MF queria ser político há algum tempo, além dos contatos com autoridades e empresários locais. O anúncio da pré-candidatura acontece a quatro meses da eleição. Para colega de partido, buscar ser vereador seria uma tentativa de ter um prêmio de consolação.

Miguel Fernando foi o segundo secretário de Cultura de Maringá da primeira gestão Ulisses Maia, apesar da relação pública e declarada com o ex-prefeito Silvio Barros II (PP). Em 2020, conta-se, deixou a secretaria, no aguardo da vitória pepista, e tentou retornar com a reeleição de Maia, mas sem êxito; posteriormente, porém, voltou a ter influência na administração e até a ser uma espécie de conselheiro do atual prefeito.

O ex-secretário, de acordo com pessoal da área de cultura, conseguiu o feito de ser visto com restrições pela direita e pela esquerda. Repercutiu negativamente com a esquerda a partir do documentário sobre o primeiro padre da cidade, “Scherer: do nazismo à terra vermelha”, que foi militante hitlerista, embora não haja documentos em que tenha feito apologia ao holocausto; o material deu mais espaço à publicidade da Companhia de Terras do Paraná do que para a postura do diocesano, segundo artista local.

Já com o público de direita o hoje pré-candidato – fora do empresariado que se beneficia com os benefícios fiscais, todos alojados numa mesma associação, escolhendo a “cultura” que o maringaense deve consumir – ganhou críticas a partir dos recursos angariados através da Lei Rouanet, que nos últimos anos foram recorrentes para viabilizar diversos vídeos e documentários, como um filme sobre futebol e outro sobre carros antigos de empresários da cidade.