O alvo deveria ser outro

Vereadora que responde ação por improbidade desconhecia decisão e atirou a flecha no alvo errado

A vereadora Cris Lauer (Partido Novo) reforça a tese de que a oposição no Legislativo, além de ser desinformada, enxerga errado. Ela ingressou com “denúncia” contra o prefeito Ulisses Maia (PSD) por ter nomeado a mulher de seu vice e pré-candidato oficial à sua sucessão, Edson Scabora (PSD), como secretária municipal de Assistência Social Políticas Sobre Drogas e Pessoa Idosa, alegando “possível nepotismo”. Não é. O STF já decidiu sobre isso (aqui).

Alegou ainda que a nova secretária “não possui qualquer competência técnica ou experiência profissional em gestão pública, muito menos na área de assistência social”. A situação, porém, é a mesma da secretária anterior, e que já havia ocupado cargo semelhante em Sarandi, apesar de ter formação em outra área.

O que a vereadora que responde por improbidade pública poderia ter usado é o fato de o casal Scabora ter dobrado os vencimentos recebidos do poder público. Edson, como vice-prefeito, recebe todo o mês R$ 17.998,05 (brutos), mesmo valor que sua mulher receberá a partir de agora como secretária municipa, totalizando agora R$ 35.599,61 mensais de fonte pública.

No início da administração, em 2017, filha do vice foi estagiária na Comunicação da prefeitura, mas ficou pouco tempo. Desde abril de 2023, na Gerência de Vigilância Ambiental da Secretaria de Saúde, uma outra pessoa com o mesmo sobrenome cumpre como estagiária 12 horas por semana, recebendo R$ 600 mensais. Qualquer neófito em política saberia que isso sim o povo entende, em época de campanha eleitoral.

PS – A escolha de Miriam Scabora, apresentada ontem oficialmente como secretária, como lembrou um comentarista, não acrescenta nada à pré-campanha oficial. Nem um voto a mais.

Foto: Mikhail Nilov/Pexels