Do assentamento do MST a Paris

Finalista no salto em altura feminino treinava com vara de pescar e sacos de arroz em Querência do Norte

A paranaense Valdileia Martins, que estará amanhã na final do salto em altura feminino, nos Jogos Olímpicos Paris 2024, tem uma bonita história de vida. Ela é de Querência do Norte, a 200 quilômetros de Maringá, e cresceu no assentamento Pontal do Tigre, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

Valdelia, que passou o sarrafo em 1m92, igualando o recorde brasileiro que era de 1989 com Orlane Maria dos Santos, obteve a 11ª marca e garantiu uma das 12 vagas à final, que acontecerá no domingo às 14h55 no fuso horário de Brasília.

Reportagem de Demétrio Vecchioli no UOL (aqui) conta que ela treinava no acampamento com uma vara de pescar e caía sobre um colchão feito de sacos de milho com palha de arroz, feitos pelo pai, Israel. “Leia é uma pessoa tímida. Foge de entrevistas e não costuma se abrir. Nenhum dos dois treinadores que trabalharam com ela nos últimos 16 anos sabiam até ontem de sua origem em um acampamento do MST”, diz o texto.

“Na escola tinha muito preconceito: ‘ela é do MST, ela é sem-terra’. Então sempre teve preconceito, as pessoas dão risada. A gente não fica falando muito. As pessoas só sabem que eu nasci no sítio, que cresci no sítio”, explica Valdileia. (…) Em Paris, ela tinha duas metas, conforme contou para o pai antes de ele morrer: chegar à final olímpica e bater o recorde brasileiro. Atingiu a primeira e, por enquanto, empatou a segunda”.

Foto: Wagner Carmo/CBAt