‘Vozes da Resistência’ será lançado amanhã

Livro que traz a memória de luta dos militantes políticos no Paraná e seu compromisso com a democracia será lançado nesta quinta-feira às 19h30, na UEM
Passados 60 anos do golpe civil-militar que vigiou, perseguiu, emboscou, torturou, assassinou seus opositores, ainda persiste a ideia de que tal brutalidade aconteceu somente nos grandes centros como São Paulo, Rio de Janeiro ou em alguns estados do Nordeste.
O livro Vozes da Resistência coloca o Paraná neste contexto de resistência ao arbítrio, a partir da memória dos que lutaram contra a ditadura. A ação da repressão política aconteceu não só em Curitiba, sede da 5ª Região Militar do Exército. Houve também ações repressivas em seus batalhões distribuídos pelo interior com o incondicional apoio das forças de segurança do estado.
Impressa pela Editora Banquinho Publicações, a obra de 450 páginas traz relatos, poesia e imagens daquele período de enfrentamento ao regime, mas também de luta por um país mais justo, solidário, com respeito aos Direitos Humanos e defesa da Democracia.
São relatos de militantes do movimento estudantil, sindical, de partidos políticos, professores, jornalistas, profissionais liberais, mulheres e homens que lutaram não só contra o regime militar, mas pelo direito à liberdade de existir e resistir. 60 anos depois do golpe, o que as vozes da resistência reafirmam é o protagonismos diante das constantes ameaças que a nossa Democracia vem enfrentando desde 2013.
Dignidade e esperança – Maringá e cidades da região também tiveram ações no período, com o registro de vigilância, perseguição e muitas prisões. Laércio Souto Maior, escritor, jornalista e militante da resistência armada, foi preso em Maringá em 1968 e 70.
Mas foi na Operação Marumbi em 1975, uma ofensiva paranaense da repressão contra o Partido Comunista Brasileiro (PCB), que Laércio acabou detido na Prisão Provisória do Ahú, em Curitiba, com passagem pelas masmorras do Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), órgão subordinado ao Exército. “No cárcere, a maior luta do preso político é conservar, incólume, a sua dignidade”, reitera Laércio em poesia que integra o livro.
Outro militante na Operação Marumbi em 1975, também preso no Ahú e enfrentou os horrores da tortura, é Narciso Pires, que começou sua militância no movimento estudantil nos anos 60 em Apucarana.
No texto “Fomos resistência e seremos sempre resistência”, Narciso contextualiza sua participação e reafirma o compromisso com a Democracia: “Somos uma geração perplexa com os avanços da tecnologia, porém questionadora, com um imenso desafio para os que se colocam na resistência, sonhando, tal qual na juventude, com um mundo mais justo, igualitário solidário e pacífico”.
O lançamento do Vozes da Resistência será no campus sede da Universidade Estadual de Maringá (UEM), no anfiteatro Ney Marques, a partir das 19h30, e aberto à comunidade. O evento contará com a presença de alguns autores do livro, que darão o seu testemunho, impressões sobre a atual conjuntura política e participarão de uma sessão de autógrafos. A realização é compartilhada pelo Laboratório de Estudos do Tempo Presente (Labtempo), Laboratório de Pesquisa em História Política e Movimentos Sociais (Lappom) e Espaço Marx.