2024: um rombo sem precedentes

Hoje, bilhões correm para o atendimento obrigatório e com agenda impositiva pelos congressistas, de acordo com as vontades das bases festivas dos destinatários, mesmo porque as reeleições estão perto

É impossível imaginar o volume dos reais em espécie, mas neste ano de 2024, os senadores e deputados federais garantiram nada menos que R$ 44.067 bilhões do orçamento da União para destinação a ser realizada por eles nas bases eleitorais, assegurando não as estratégias nacionais, como ferrovias, navegação, rodovias, saneamento básico ou obras de alcance social, mas objetivos eleitoreiros, garantindo a cadeira parlamentar por uma vida inteira de reeleições e dos descendentes na posteridade.

Pense comigo: que obra de alcance nacional está em execução pelo governo federal? Nenhuma. O presidente da República é hoje um apagador de incêndios ou limitado socorrista de catástrofes. Foi brilhante no passado encampar, por exemplo a transposição do rio São Francisco. Hoje, bilhões correm para o atendimento obrigatório e com agenda impositiva pelos congressistas, de acordo com as vontades das bases festivas dos destinatários, mesmo porque as reeleições estão perto. Tudo passa a valer a pena, menos perder o “emprego” de políticos. Isso, sem levar em conta o laudo da Advocacia Geral da União, assegurando que estão existindo fraudes na manipulação de verbas do tesouro nacional por parte de recursos da esfera dos “legisladores”.

Por outro lado, importa a continuidade numerosa de partidos políticos, corredor que são de R$ 4,9 bilhões, do orçamento da União para “financiar” as campanhas eleitorais nos municípios.

Pensando bem, é melhor nem lembrar o perdão amplo, geral e irrestrito dos congressistas a todos os partidos políticos que estavam em situação irregular quanto à devida prestação de contas junto à Justiça Eleitoral.

Como são ” espertos” os nossos sucessores no Congresso Nacional. Da eternidade, o próprio Presidente da Assembleia Nacional Constituinte,Ulysses Guimarães, deve surpreender- se ante o aviltamento da cadeira na Câmara dos Deputados, que um dia a ele pertenceu.

A propósito, encontrando- me em Lisboa em passado recente, foi de um taxista português que ouvi esta observação: “No dia em que o Brasil libertar-se da corrupção, ele estará apto a converter- se na maior potência do planeta. As terras agricultáveis no Brasil são mais extensas que as dos Estados Unidos, da Rússia ou da China”.

Ouvi tudo em silêncio. Pensei apenas que de fato, o nosso Brasil é semlre apontado como destaque internacional, quando o assunto é corrupção.


(*) Tadeu França é ex-deputado federal constituinte

Foto: Saulo Cruz/Agência Brasília