Sejamos homens
Homem é homem, seja qual for o gênero, e a divisão deve ser entre ser homem de bem, ou ainda não
Uma frase, ‘provocativa’, gerou um dos episódios mais comentados na campanha eleitoral para a prefeitura de São Paulo, a cadeirada de Datena em Pablo Marçal.
Sem sensacionalismo, queremos refletir sobre ser homem, e se ofender com a referência contrária. Machismo? Talvez por desconhecimento do verdadeiro e primeiro sentido da palavra. Homem significa espécie humana, ser humano, e é fora de dúvidas que Datena pertence ao grupo, logo não deveria ter se ofendido.
Sabemos que o homem, encarnado, se divide em dois gêneros: masculino e feminino e, possivelmente, a crença na ‘criação de Adão’, ‘antes de Eva’, essa de uma costela, faça com que o feminino seja considerado, por muitos, um gênero inferior ao masculino, que deve ser ‘macho’.
Homem é homem, seja qual for o gênero, e a divisão deve ser entre ser homem de bem, ou ainda não. O verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza, como vemos em O Evangelho Segundo o Espiritismo, em resumo:
“Se analisa seus próprios atos, questiona se não praticou o mal, se fez todo o bem que podia, se deixou passar alguma ocasião de ser útil, se não deu margem a qualquer queixa dele, enfim, se fez a outrem tudo o que desejara lhe fizessem.
O homem de bem acredita no futuro, colocando os bens espirituais acima dos temporais. Sabe que todas as dores e decepções são provas ou expiações e as aceita sem murmurar. Faz o bem pelo bem, sem esperar paga alguma, defende fraco contra o forte, e sacrifica seus interesses à justiça.
Encontra satisfação nos benefícios que espalha, nos serviços que presta. Seu primeiro impulso é para pensar nos outros, antes de si, para cuidar dos interesses dos outros antes do seu próprio interesse. O homem de bem é bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças, nem de crenças, porque em todos os homens vê irmãos seus.
Respeita nos outros todas as convicções sinceras e não lança anátema aos que como ele não pensam. Não alimenta ódio, nem rancor, nem desejo de vingança. Perdoa e esquece as ofensas e só dos benefícios se lembra, por saber que perdoado lhe será conforme houver perdoado. É indulgente para as fraquezas alheias, porque sabe que também necessita de indulgência e tem presente esta sentença do Cristo: “Atire-lhe a primeira pedra aquele que se achar sem pecado.”
Nunca se compraz em rebuscar os defeitos alheios, nem, ainda, em evidenciá-los. Se a isso se vê obrigado, procura sempre o bem que possa atenuar o mal.
Estuda suas próprias imperfeições e trabalha incessantemente em combatê-las. Todos os esforços emprega para dizer, no dia seguinte, que alguma coisa traz em si de melhor do que na véspera.
Não procura dar valor aos seus talentos, a expensas de outrem, aproveita, ao revés, todas as ocasiões para fazer ressaltar o que seja proveitoso aos outros. Não se envaidece da sua riqueza, nem de suas vantagens pessoais, por saber que tudo o que lhe foi dado pode ser-lhe tirado.
Usa, mas não abusa dos bens que lhe são concedidos, sabe que é um depósito de que terá de prestar contas e que o mais prejudicial emprego que lhe pode dar é o de aplicá-lo à satisfação de suas paixões.
Se é superior hierárquico de outros homens, trata-os com bondade e benevolência, porque são seus iguais perante Deus. Usa da sua autoridade para lhes dar moral e não para os esmagar com o seu orgulho. Evita tudo quanto lhes possa tornar mais penosa a posição subalterna em que se encontram. O subordinado, de sua parte, compreende os deveres da posição que ocupa e se empenha em cumpri-los conscienciosamente.
Finalmente, o homem de bem respeita os direitos que aos seus semelhantes dão as leis da natureza, como quer que sejam respeitados os seus.’
Concluindo, homem é homem, independente do gênero e orientação sexual. Ser do masculino ou feminino não nos faz maior e menor ‘ser humano’, portanto homem.
Sejamos homens… de bem
Ilustração: Homem vitruviano/Leonardo Da Vinci