Boa notícia

Lula recebeu o primeiro grupo [vindo do Líbano] em Brasília, e a operação segue, sem estardalhaço. Parece pouca coisa, mas outros países mais abonados disseram aos seus cidadãos que se virassem

De Elio Gaspari, em O Globo:

As coisas boas também acontecem. Há três anos o Brasil vivia um pesadelo com um governo que insuflava os militares contra vacinas e urnas.

Depois do êxito do resgate de 1.500 brasileiros da Faixa de Gaza e de Israel, a Força Aérea já tirou outros 672 do Líbano e estima repatriar três mil pessoas.

Lula recebeu o primeiro grupo em Brasília, e a operação segue, sem estardalhaço. Parece pouca coisa, mas outros países mais abonados disseram aos seus cidadãos que se virassem. Entre os resgatados pela FAB, vieram também argentinos e uruguaios.

Em 2020, as coisas eram diferentes. No início da pandemia, a China fechou a cidade de Wuhan onde viviam 11 milhões de pessoas e algumas dezenas de brasileiros. No final de janeiro, o presidente Jair Bolsonaro descartou a ideia de um resgate:

“Custa caro um voo desses. Na linha, se for fretar um voo, acima de US$ 500 mil o custo. Pode ser pequeno para o tamanho do orçamento brasileiro, mas precisa de aprovação do Congresso.”

Em fevereiro o vírus já havia se espalhado e o governo mudou de ideia.

Fala o então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em seu livro “Um paciente chamado Brasil”:

“A operação foi montada para trazer 34 pessoas, mas foram usados quatro aviões e 120 pessoas para resgatá-las, um exagero. Eu disse aos militares que era prudente enviar o menor número de pessoas possível, mas mandaram gente do Exército até para filmar o resgate.

(…) Montaram uma área de convivência onde os resgatados podiam se encontrar, coisa que ninguém nunca viu num confinamento de combate a uma epidemia.

Havia um cinema onde todos ficaram juntos para assistir a um filme escolhido a dedo pelos militares: Epidemia.”

Foto: Ricardo Stuckert/PR