Dia do Professor, pra quê?

Não vejo um horizonte, competimos com smartphones, com interesse pelo lucro, com pais ignorantes que não respeitam a autoridade dos mestres

Por Valter Baptistoni:

Só quem é professor sabe que, depois do expediente e exausto, só fechar os olhos que ouve um zumbido como uma cigarra gritando nos tímpanos.

O sacrifício é válido quando lembramos da missão, mas é cruelmente injusto quando se lembra do valor da hora aula, das incansáveis reuniões com pais, coordenação, treinamentos…da obrigatoriedade de participação nas festas junina onde o lucro fica todinho para o patrão enquanto inocentes acreditam que era para a formatura. Das horas de dedicação preparando avaliações, aplicando, corrigindo e ainda ter que responder pelo aluno que não quer saber de nada, daí você reprova-o, mas “alguém ” invalida sua decisão.

Não vejo um horizonte, competimos com smartphones, com interesse pelo lucro, com pais ignorantes que não respeitam a autoridade dos mestres, com conteúdo desatualizado.

Tive um coordenador que, ao chegar às apostilas da turma, arrancava as páginas sobre Revolução Russa, tinha medo do senso crítico e justificava “não queremos formar comunistas”.

A ignorância reina e o professor virou fantoche.

Foto: Falxeus/Pexels