O risco do ‘secretário da Ferrari guinchada’

Até aliados criticam a escolha do responsável pela gerência do orçamento de R$ 3,5 bilhões, anunciada hoje pelo prefeito eleito

Carlos Augusto Ferreira, anunciado hoje pelo prefeito eleito Silvio Barros II (PP) como seu secretário de Fazenda a partir de janeiro, é um nome polêmico, apesar do currículo. A revelação de que sua empresa é dona da Ferrari vermelha que foi guinchada em julho no centro de Maringá por estacionar irregularmente (em vaga para idoso e sobre faixa de pedestre), com dívida de mais de R$ 90 mil somando-se IPVA, taxa de licenciamento e multas, levou gente aliada a imaginar que sua indicação duraria somente esta quinta-feira. Mas não, nenhum sinal de recuo foi percebido.

Do publicável, alguns políticos e empresários reclamam da falta de filtro no Posto Ipiranga, que vem a ser o escritório político da família Barros. O futuro secretário de Fazenda, que sentará na cadeira que hoje é ocupada por Orlando Chiqueto, chegou ao escritório na avenida Prudente de Morais pela manhã dirigindo uma poderosa Mercedes-Benz.

O automóvel foi estacionado no meio do pátio do Posto Ipiranga. De acordo com relato feito ao blog, ele desceu, sem cumprimentar ninguém subiu e foi comunicado de que será o homem da caneta, que terá a chave do cofre da prefeitura a partir de janeiro. “Da mesma forma que subiu, desceu e foi embora”, contou um presente, que criticou o fato de o futuro secretário não ter conversado com outras pessoas que estavam no escritório. A Sefaz cuidará da execução de um orçamento de R$ 3,5 bilhões, o maior da história da cidade.

Ao indicar o homem da Ferrari guinchada para uma das secretarias mais importantes da administração, ou “recepcionar um defenestrado”, os Barros também podem estar ampliando o leque de atrito político. Há algum tempo, ao interpelar um executivo de veículo de comunicação de Maringá a respeito de críticas feitas ao hospital que representava, o futuro secretário de Fazenda de Silvio Barros II foi “grosseiro” e ameaçou processo pela simples reprodução de críticas ao estabelecimento, feitas por pacientes. “Há temor”, resumiu um aliado, ainda incrédulo e interessado em saber quem fez a indicação.

PS – Em 2016, o então recém-eleito prefeito Ulisses Maia chegou a recuar e “desindicou” dois nomes que haviam sido anunciados como secretários. À época, todos entenderam e consideraram que ele havia reconhecido um erro. Silvio II, nisto, tem a aprender com aquele Ulisses de 2016.