A morte por desesperança

Atestado médico do pai de Isabely, seu Leandro Felix, aponta ‘problemas intestinais’ como causa mortis

Foi sepultado no final desta tarde no Cemitério Municipal de Maringá o corpo do caminhoneiro Leandro Felix, pai de Isabely, que morreu aos 19 anos, quando a motocicleta em que estava com o namorado foi colhida por um Porsche, dirigido por Francis Mayko Alves, que atravessou o sinal vermelho. Foram duas comoções em 36 dias, período que separa as mortes da filha e do pai.

Leandro, falecido no auge dos 50 anos de idade, iria retomar hoje seu trabalho, mas foi impedido pela consequência da tristeza e depressão que tomaram conta dele desde a morte da jovem e da falta de punição ao motorista, que fugiu do local sem prestar socorro. Ele não entendia como o motorista não foi preso, o que desencadeou uma profundo desânimo, desolação, prostração, abatimento. A sociedade maringaense compartilha da dor da família.

No atestado de óbito apontaram como causa mortis “problemas intestinais”, porque a verdadeira causa não foi identificada. Mas Leandro morreu, como quase todos sabemos, de desesperança – principalmente na falta de punição exemplar, no “crime culposo” acreditado pelas autoridades. Maringá perdeu duas pessoas de uma família, além dos graves ferimentos no namorado de Isabely, mas acreditar que algo efetivamente mude é, porém, um sentimento cada vez mais distante.

Foto: André Almenara