A gula antes da ceia

Vereadora eleita pelo bolsonarismo que pedia intervenção militar parece querer abraçar tudo antes da hora

Caros leitores, nos bastidores do poder, há quem diga que Giselli Bianchini (PP), vereadora eleita, já está vestindo a faixa antes mesmo de subir ao pódio. Inspirada, talvez, no famoso episódio das eleições de 2020, quando um membro da administração Ulisses Maia correu para escolher gabinete e acabou perdendo a vaga, Giselli tem repetido o feito: frequenta a Câmara com tanto entusiasmo que parece já ter passado pela posse, que, diga-se de passagem, só acontece em janeiro.

A futura parlamentar anda tão presente nas sessões que sua fama de “faminta” corre solta pelos corredores. E não é pelo excesso de cafezinho, mas pela ânsia de querer abraçar tudo antes da hora. Pedidos desmedidos, exigências descabidas e uma pitada de precipitação têm sido ingredientes desse coquetel que já deixou alguns futuros colegas de mandato com uma pulga atrás da orelha.

O auge dessa empolgação apareceu em um vídeo nas redes sociais, em que Giselli não só assiste a uma reunião da CCJ, mas já crava que estará por lá no ano que vem. A autoconfiança é boa, mas, como dizem por aí, quem ri por último ri melhor, e, na política, muitas vezes, é a maioria que decide quem vai rir e quem vai chorar.

Nos bastidores, há burburinhos de que ela já estaria de olho na presidência da CCJ na próxima legislatura. No entanto, com o clima de insatisfação crescente entre os colegas, o futuro dessa cadeira pode estar mais incerto do que a próxima reviravolta em novela das nove.

Fica o alerta à edil: no jogo do poder, paciência é mais valiosa que promessas. Para quem está estreando no tabuleiro, é melhor observar, ouvir e construir aliados, ou corre o risco de começar o mandato com mais oposição do que apoio. Afinal, quem tenta correr sozinho nesse cenário muitas vezes tropeça antes de cruzar a linha de chegada.

Da sua conservadora de segredos dos bastires do poder, Madame Savage.

Arte s/ foto de Engin Akyurt/Pexels