Hossokawa notifica emissora de TV
Presidente da Câmara se refere a veiculação de informações com erros grosseiros e comentários desrespeitosos de apresentador
Na segunda-feira o presidente da Câmara Municipal de Maringá, Mário Hossokawa (PP), notificou extrajudicialmente a RICtv Maringá por transmitir desinformação aos telespectadores. O documento foi enviado à editora de Jornalismo Kátia Scanferla por conta de uma notícia com números errados levada ao ar pelo apresentador Salsicha.
A notícia foi veiculada na emissora no dia 12, no programa Balanço Geral, sobre a reforma do prédio da Câmara e a eleição da próxima mesa executiva. “Nós elegemos os 25 vereadores!”, disse Salsicha, número que repetiu posteriormente, quando foram eleitos em outubro 23 vereadores; depois, afirmou que o custo da reforma seria de “6 milhões e 300 mil”, quando o correto sã “4 milhões e 100 mil”. “Bota a tela cheia para o povo ver. Aí, oh, isso aí é a obra que vai ser construído o prédio, só para você saber, vai ser um predinho aí, pra 8 mais 8 gabinetes. Fica pronto até o dia 1º de janeiro ou não fica pronto? É ruim que fica pronto, véio. Nem se o the flash, nem se fosse no Japão não ficava!”, disse referindo-se por duas vezes ao presidente Hossokawa como “O japonês”, o que em tese poderia caracterizar racismo e/ou xenofobia.
“Os comentários do apresentador, além de desrespeitosos tanto na forma quanto no conteúdo, contém erros graves e crassos, não se sabe se por desconhecimento ou má-fé”, diz a notificação extrajudicial, que repete o desconhecimento sobre o assunto que o apresentador criticava. “Não se trata de equívoco, pois foram várias as menções ao número errado de parlamentares. Uma premissa básica para exercer a crítica é conhecer o assunto sobre o qual se opõe. Principalmente quando a informação é pública e está disponível há anos.”
“Obviamente é permitido ao apresentador tecer comentários sobre as obras realizadas na Câmara Municipal, na Prefeitura, no Estado e na União. Contudo, não pode trazer informações incorretas aos telespectadores como o fez. Tanto o responsável pela realização da matéria jornalística quanto o apresentador não se deram ao trabalho de consultar ao portal da transparência disponível no site da Câmara (www.cmm.pr.gov.br) no qual constam os detalhes da concorrência realizada para fins de reforma no valor de R$ 4.100.000,00 (quatro milhões e cem mil reais), valor máximo da obra R$ 4.739.108,86, muito inferior aos 6 milhões e 300 mil que o apresentador anunciou. A notícia foi veiculada de forma incorreta, não se sabe se por falta de conhecimento ou má-fé, já que a contratação ocorreu no dia 10 de julho de 2024 e a informação está disponível a quem quiser acessar há mais de 4 (quatro) meses.
Por fim, caso o apresentador também desconheça a Constituição Federal (art. 5º, V e XLII) e a Lei nº 7.716/1989 (art. 20, § 2º), deve se atentar ao fato de que ao dirigir-se ao Presidente da Câmara como “o japonês” está cometendo o crime de xenofobia, causando dor moral e desconforto não apenas ao vereador a quem se dirigiu de maneira preconceituosa, mas também a toda a comunidade nipo-brasileira de Maringá que demonstrou insatisfação e se sentiu desrespeitada.
Da mesma forma como não é correto se dirigir a qualquer pessoa como “o negro”, “o judeu”, também não é adequado, respeitoso e legítimo se dirigir ao vereador como “o japonês”, especialmente porque todos os demais vereadores foram chamados pelo nome. Por fim, a comparação “nem se fosse no Japão não ficava” referindo-se ao término da reforma, demonstra a intenção de atingir, novamente, a comunidade nipo-brasileira através da hostilidade.
Em razão dos erros grosseiros cometidos pela equipe de jornalismo que preparou a reportagem sem ao menos consultar as informações públicas disponíveis há meses no site da Câmara, em razão da informação errada repetida inúmeras vezes pelo apresentar sobre o número de vereadores de Maringá, além da conduta preconceituosa e discriminatória com a comunidade nipo-brasileira, sugerimos à emissora, para evitar problemas fututos, que oriente seus apresentadores a estudarem as matérias previamente, para que não incorram em erros primários que podem ter consequências jurídicas inclusive no âmbito penal”.
O presidente do Legislativo finaliza que a RICtv Maringá deve se considerar notificada “de que novas abordagens incorretas, desrespeitosas ou fora de contexto acerca das atividades legislativas ou administrativas da Câmara Municipal de Maringá, pelo apresentador Salsicha ou qualquer outro da emissora, serão encaminhadas à Procuradoria Jurídica da Casa, para que sejam tomadas as medidas judiciais cabíveis nos âmbitos cível e criminal, movidas contra o apresentador e a TV, que é responsável pelas atitudes de seu preposto”.