‘Sobre o amor e outras borboletas’
Italiano radicado em Maringá lança livro de crônicas em que dá voz a histórias de mulheres de todas as idades
Gaetano Buompane, escritor italiano radicado em Maringá há 10 anos, está lançando “Sobre o amor e outras borboletas”, que reúne crônicas ficcionais narradas por mulheres de todas as idades, que abrem seus corações e compartilham sentimentos. Buompane, que na obra busca comprender o mundo através do olhar feminino, tem 50 anos, casado, dois filhos, é formado em Letras e Filosofia, licenciado em História e Crítica do Cinema pela Universidade de Roma “La Sapienza”.
O autor viveu 20 anos em Roma, onde trabalhou como diretor e roteirista em uma produtora de vídeo (Pi.Sa. Film), especializando-se em vídeos institucionais, vídeo comerciais, vídeos de comunicação empresarial e curtas-metragens. Foi co-fundador e presidente da Associação Cultural White Light de Roma, com a qual levamos ao palco espetáculos teatrais, produzimos curtas-metragens e animamos uma fanzine de crítica cinematográfica.
Em 2012, a editora 0111 Edizioni publicou seu romance “Bomba libera tutti”. Buompane colaborou ainda com o site Quotidiano.it escrevendo a coluna satírica “L’Approfondimatto”. Em algumas coletâneas, nos anos seguintes, foram publicadas os contos “Storia di un misantropo metropolitano” (Miligraf Edizioni), “I buoni ingredienti del dolore” e “La tartaruga Lucia” (Edizioni I luoghi della scrittura).]
“Em Maringá, abri uma cafeteria, o Café Literário, onde criei um fervoroso ponto de encontro cultural. Luiz Ruffato, Marco Aurélio Cremasco, José Almeida Júnior, Aline Bei, Daniela Arbex, são só alguns personagens da literatura brasileira que animaram o nosso espaço. A minha ideia, o meu sonho, era de montar um Centro
de Cultura para abrir o espaço a todos os artistas e a todas as formas artísticas da cidade, um lugar de encontro e confronto. Infelizmente, devido à pandemia de Covid, fechei o estabelecimento após 5 anos de atividade e o meu projeto do
centro cultural teve que ser suspenso”, conta. Hoje também é professor de italiano na escola Tutto Italia.
Depois de publicar em formato e-book os contos “Il re barba” e “La storia di Cenerè”, começou a colaborar com a revista online Men’s Life, onde cuidou da coluna semanal “Il Sofà”, um diário de reflexões alegóricas sobre o universo masculino. “Foi aí que nasceu a ideia de me abrir ao universo feminino e recolher as testemunhas delas, mergulhar na alteridade para entender melhor o meu ser homem”. Gaetano Buompane espera que o livro “seja de ajuda para convencer
mais mulheres a se abrir, se emocionar: eu gostaria muito de escutar as histórias delas”.
O livro – “Eu não sei se já amei. Minhas amigas na escola dizem que sentem borboletas no estômago. Bem, eu nunca senti essas borboletas no estômago e, de qualquer forma, tenho a impressão de que é uma bobagem”.
São crônicas brevíssimas, nas quais mulheres de todas as idades se confidenciam, abrem seus corações para revelar seus sentimentos mais íntimos. São todas histórias que, antes de serem escritas, precisavam ser ouvidas. “A tentativa de um homem de entender a voz delas, observar o mundo por meio do olhar delas. Uma viagem sem freios, um mergulho nas emoções, nas dores, no amor, sempre se questionando sobre as efêmeras certezas da vida. Uma obra de conhecimento de si mesmo pelo outro, um trabalho fascinante, às vezes doloroso, de identificação completa. Um desafio também: conseguir na brevidade narrar um inteiro universo”, ressalta a sinopse. O exemplar, em fase de pré-venda, pode ser reservado aqui.
Amor é o fio condutor – A obra tem prefácio da professora Lúcia Osana Zolin, do Departamento de Teorias Linguísticas e Literárias da Universidade Estadual de Maringá e coordenadora de projetos de pesquisa institucionais relacionados aos Estudos de Gênero, Autoria Feminina e Teoria Crítica Feminista.
“Dessas páginas, avultam histórias narradas em primeira pessoa por mulheres imersas em situações-limite; ou, muitas vezes, flagradas em momentos epifânicos em que, num relance, se encontram consigo próprias e com o que, de fato, as identifica; em outras ainda, resgatam situações marcantes, das mais traumáticas às simplesmente desconcertantes, guardadas na memória, à espera de uma oportunidade de serem trazidas à luz e, assim, exorcizar interditos e reavaliar significados. O amor é o fio condutor dessas histórias, não o amor no
sentido clicherizado, mas aquele que suplanta o significado padrão da palavra e se expande por entre as fendas do cotidiano feminino. Daí emergem a dor e a solidão, o abandono, os relacionamentos efêmeros, a rotina doméstica e o apagamento das subjetividades, a constatação da falta, o amor materno incondicional ou as ambivalências da maternidade, a amizade sincera, as fantasias amorosas, a cumplicidade dos não-humanos, as memórias da infância, os laços de família… o amor, enfim”, define a professora.