Liberdade é agir segundo a própria vontade, sem causar prejuízo ao próximo, ao meio, ou si próprio, promovendo o bem de todos
O título é de palestra do confrade espírita, Osvaldo Monteiro, de Paranavaí, tratando de liberdade sob a ótica da filosofia espiritista, e nos inspirou para uma reflexão sobre um assunto recorrente nos últimos anos, liberdade de expressão e ou de pensamento.
Liberdade seria agir segundo a própria vontade, iniciou o palestrante. Não exatamente, corrigiu. Isso pode ser livre-arbítrio, e livre arbítrio exercido de maneira contrária às leis, pode nos levar à prisão. Liberdade, então seria: agir segundo a própria vontade, sem causar prejuízo ao próximo, ao meio, ou a si próprio. A definição ainda está incompleta, disse: Liberdade é agir segundo a própria vontade, sem causar prejuízo ao próximo, ao meio, ou si próprio, promovendo o bem de todos.
Neste ponto, lembrei de um discurso do ex-presidente da república, durante a formatura de entrega de espadas de guardas-marinha, turma de 2020, em 12/12/2020, em plena pandemia da Covid-19, quando muitos questionavam a liberdade de se tomar ou não, as vacinas, a obrigatoriedade de uso de máscaras e a proibição de aglomerações. Disse ele, em certo trecho: “Quando o estado avança sobre interesses e liberdades individuais, dificilmente ele recua. Não deixe que o pânico nos domine. Nossa liberdade não tem preço, ela vale mais que a nossa própria vida”.
Na época discordei, pois não tenho dúvidas que a vida, entendida como existência física, é que não tem preço, e não só religiosamente falando. No sistema ordenamento jurídico brasileiro, por mais hediondo que seja crime, a maior pena é a privação de liberdade por até 40 anos, nunca de morte, apesar de alguns defendeem.
Falando em morte, recentemente um senador falou, querendo dizer que ter vontade de matar alguém não crime: ‘Quem nunca teve vontade de matar alguém’? E completou dizendo que não é certo, que até se pede perdão a Deus, mas não é crime.
De fato não é punível, e aqui volto à palestra, em que foi dito que nossa liberdade de cada dia tem limitações. Podemos pensar tudo, mas não temos o direito de expressar e agir contra os preceitos legais e morais, sob pena de ficarmos aprisionados. Nossa liberdade vai até onde começa a do outro. Pensar em matar alguém, segundo os preceitos cristãos, digo eu, é ‘pecado’, como é adulterar, não por um simples pensamento (Mt,5.28), mas se o fato não se consumou por razões alheias à vontade.
Voltando à palestra de início citada, aprendemos que nossa liberdade está atrelada a: compromisso, ou dever; vigilância; respeito; discernimento entre o bem o mal; vontade. Seremos livres se agirmos segundo a nossa vontade, sem causarmos prejuízos ao próximo. Causando prejuízos, ao próximo, a nós mesmos, ou ao meio ambiente, seremos prisioneiros, se não, literalmente, em uma penitenciária humana, à penitenciária da consciência.
Temos o livre arbítrio para pensar até em matar um próximo ou a nós mesmos, mas não temos liberdade para tal, pelo contrário, se o fizermos seremos prisioneiros. Eternos? Não. Jesus nos disse: ‘Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará’. Ainda que sejamos resistentes, rebeldes, teimosos, em relação à verdade, um dia a reconheceremos e ela nos libertará.
Conheceremos a verdade assimilando os ensinamentos de Jesus, que nos dizem que não basta não fazer o mal, é preciso fazer o bem. A questão 642 do Livro do Espíritos é esclarecedora. Kardec perguntou aos benfeitores espirituais: Para agradar a Deus e assegurar a sua posição futura, bastará que o homem não pratique o mal? E a resposta foi: “Não, cumpre-lhe fazer o bem no limite de suas forças, porquanto responderá por todo mal que haja resultado de não haver praticado o bem.”
E para finalizar, relembremos que a liberdade nossa de cada dia é definida por: ‘Agir segundo a própria vontade, sem causar prejuízo ao próximo, ao meio, ou si próprio, promovendo o bem de todos’.
Somos livres para a prática do bem, e prisioneiros da consciência, no mal.
Foto: Mikhail Nilov/Pexels