Novo livro disponível

Parte da venda do segundo livro de Flávio Augusto será destinada ao Albergue Santa Luíza de Marillac, de Maringá

A partir de hoje, encontra-se disponível, à venda, na loja virtual da Editora Urutau, o recém-lançado livro do maringaense Flávio Augusto, “O Cultivo das Desmemórias”. Depois de “Por mais que possa parecer ambíguo”, de 2002, nesta obra ele faz uma narrativa em versos sobre uma saga familiar. “Pretende ser familiar a todos nós, que vivemos em um mundo de confronto de narrativas, nem sempre poéticas. Um mergulho no Brasil rural e profundo dos últimos 60 anos”, diz a editora.

Os valores da venda do livro a que o autor tiver direito serão integralmente revertidos ao Albergue Santa Luíza de Marillac de Maringá, que funciona na rua Fernão Dias, 840, desde 1959, para atender pessoas em situação de vulnerabilidade social, oferecendo-lhes refeições, roupas, kits de higiene pessoal, atendimento psicossocial, banho e um local para dormir.

“Que a memória dos afetos passados nos socorra na construção do futuro que estamos a sonhar no presente”, afirma Flávio Augusto.

Segundo o escritor Ademir Demarchi, que fez poesia marginal com Flávio Augusto, o autor constitui “neste livro um eu poético que está no centro de uma dúvida existencial e, para ele, fulcral, conforme registra num poema: “nunca vou saber ao certo/ se/ fui/sou /ou algum dia serei// pelo menos de forma idealizada/ também um velho pai/ para os meus filhos”. Essa dúvida, marca da escrita poética, que recusa a certeza para não se tornar preleção, proporciona um efeito reflexivo que suscita mais consequências úteis para a experiência vital que a certeza comovida de uma oração. A vida está em movimento e transforma o ser na medida em que o atravessa pelo tempo que passa, daí a dúvida existencial que o coloca no centro e faz esse eu poético olhar para o passado, que reconhece por pensar tê-lo vivido, assim como, dialeticamente, olhar para o futuro, indagando, de forma idealizada, se o realizará como o modelo afetivo que buscou personificado em seu pai. Essa projeção remarcada nos poemas não é simplificada, circunscrevendo-se apenas a uma relação de ordem familiar, e nisso o livro ganha em potência ao transcendê-la: as vidas estão atravessadas pelos momentos históricos que as restringem, marcam, impedem, abalam. É possível ao leitor apreender que não apenas essas vidas e afetos sugeridos no livro estão aprisionados numa circularidade existencial de eterno retorno do mesmo, mas também a história, essa em que essas vidas estão imersas, num amálgama que o poema (como representação de todos os poemas e do livro) tenta transcender com a dúvida que move a poética por não haver resposta confortadora, pois, afinal, cada ser escapa de todo sentido e, tal como a poética, se move, em trânsito, para o encontro final”.

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