Tiro na têmpora
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Os trumpistas nacionais beijaram a morte a troco de nada
De Elio Gaspari, em O Globo:
O entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro festejou freneticamente a eleição de Donald Trump. Sua mulher e um de seus filhos foram às festas periféricas da posse e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, enfeitou-se com o boné trumpista.
Registre-se que esse tipo de servidão voluntária é coisa nunca vista na história de Pindorama. Nenhuma relação de presidente brasileiro com americano foi tão estreita quanto a de Emílio Médici com Richard Nixon. Em 1971, quando o general visitou-o na Casa Branca, ele festejou: “Para onde for o Brasil, irá o continente latino-americano.” Bingo. Anos depois, Chile, Uruguai e Argentina eram ditaduras militares.
Os palacianos exultaram, mas o embaixador Mário Gibson Barboza, chanceler de Médici, não achou a menor graça e comentou: “Foi um verdadeiro beijo da morte.”
Os trumpistas nacionais beijaram a morte a troco de nada. Cada brasileiro que venha a perder seu emprego por causa das tarifas protecionistas de Trump haverá de se lembrar do frenesi nativo.
Sábio foi o petista que teve a ideia do boné: “O Brasil é dos brasileiros.”
Foto: Reprodução