PSD: Justiça Eleitoral deve determinar recontagem e mudar composição da Câmara
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Considerado um dos maiores escândalos de fraude à cota de gênero no Brasil pode levar à cassação da chapa do PSD em Maringá
O Brasil acompanha de perto um dos maiores escândalos de fraude à cota de gênero já registrados no país. A Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) contra o Partido Social Democrático (PSD) de Maringá expõe um esquema de candidaturas fictícias que pode levar à cassação de toda a chapa e a uma recontagem histórica dos votos.
A denúncia foi protocolada na 66ª Zona Eleitoral pelo ex-candidato e suplente Dioney Fábio Barroca, o Subtenente Dioney, e tem como base a candidatura suspeita de Isabela Piassa Cantieri, a “Isa da Comunicação”. Com apenas 11 votos, Isabela esteve ausente da campanha, passando boa parte do período eleitoral fora do país, na Itália. Além disso, suas contas de campanha foram abertas apenas quatro dias antes da eleição, e sua presença nas redes sociais foi praticamente inexistente.
A legislação eleitoral brasileira exige que pelo menos 30% das candidaturas dos partidos sejam de mulheres, como forma de garantir maior representatividade feminina na política.
No entanto, casos como esse revelam que algumas siglas têm utilizado mulheres apenas para cumprir essa exigência, sem que haja uma candidatura real. Depoimentos reforçam fraude e apontam manobra para evitar perda de candidatos.
Na quarta-feira, o juiz eleitoral responsável pelo caso ouviu testemunhas-chave que confirmaram as suspeitas de irregularidade. O depoimento de Domingos Trevisan, ex-chefe de gabinete da gestão anterior e que presidia o PSB, ou seja, sem relação direta com o PSD, mas que foi ouvido no processo, foi considerado repleto de contradições e deixou evidente que houve um acordo interno para que Isabela fosse candidata. Segundo as investigações, a manobra foi articulada para evitar que a chapa perdesse três candidatos homens com a campanha já em andamento, o que comprometeria a estratégia eleitoral do partido.
No depoimento de Isabela, que se sujeitou a esse papel e pode enfrentar graves
consequências caso a fraude seja comprovada, ela afirmou que fez sua campanha com o sonho de ser vereadora, focando nas redes sociais. No entanto, ao analisar sua atividade digital, ficou evidente a fraude: sua página eleitoral teve apenas nove postagens, com pouquíssimas curtidas e comentários, enquanto sua conta pessoal nas redes sociais bombava com postagens de suas férias na Itália exatamente no período eleitoral.
Diante do avanço das investigações, cresce a expectativa de que a chapa do PSD seja cassada e todos os votos do partido sejam anulados, o que levaria a uma recontagem do quociente eleitoral e poderia alterar significativamente a composição da Câmara Municipal de Maringá.
A repercussão do caso já movimenta os bastidores políticos e coloca em xeque a
credibilidade do partido nas eleições municipais. Especialistas apontam que essa decisão poderá servir de referência para outras denúncias de fraude à cota de gênero no Brasil.
O escândalo reafirma a necessidade de um rigor maior na fiscalização das candidaturas femininas e do cumprimento efetivo da legislação eleitoral, garantindo que as mulheres tenham participação real e legítima no cenário político.
Com a robustez das provas e o andamento do processo, a cassação da chapa do PSD é praticamente inevitável. A Justiça Eleitoral deverá, nos próximos dias, determinar a recontagem dos votos e redefinir a composição legislativa da cidade.
Maringá pode estar prestes a testemunhar um marco na história da política nacional, com uma decisão que reforça a importância do combate à fraude eleitoral e a valorização da representatividade feminina legítima nas eleições.
Arte: MPF