Negócio da China

Digno de um enredo de Bridgerton, a corte de uma certa Câmara Municipal anda em polvorosa

Dizem que paredes têm ouvidos, mas, felizmente, algumas servidoras também. Digno de um enredo de Bridgerton, a corte de uma certa Câmara Municipal anda em polvorosa. Acontece que o outrora todo-poderoso imperador, agora deposto pela Justiça, se recusa a aceitar sua nova condição de plebeu e quer, a todo custo, deixar sua marca na sucessão do trono. Sua candidata à imperatriz, no entanto, não conseguiu conquistar os corações e mentes dos nobres vereadores. Pelo contrário, sua indicação acendeu ainda mais as brasas da discórdia e quase partiu o reino político ao meio.

Nos corredores do castelo legislativo, os murmúrios são cada vez mais altos. Há quem diga que o acordo inicial era para eleger o imperador e não qualquer vassala que ele escolhesse para continuar seu legado. O descontentamento só cresce, e um certo veterano, um lorde experiente, já vislumbra a oportunidade de ascender ao trono. Líder do exército governista, ele tem um trunfo valioso: não incomoda ninguém e respeita compromissos. Diferente da dama que o imperador tenta impor goela abaixo, conhecida por atravessar aliados e não ter o menor pudor em meter a cara e atropelar quem estiver no caminho. No jogo da corte, esse tipo de atitude não conquista aliados… gera ranço. E ranço, meus caros, é algo difícil de dissipar, por mais ligações e promessas que se façam nos bastidores.

E como se não bastasse a rejeição natural à moça, o imperador deposto ainda quer uma troca daquelas: ela assume a presidência e ele, em um passe de mágica, volta ao poder como primeiro-secretário, cargo estratégico e o segundo mais importante da casa. O problema? Esse arranjo beneficia apenas uma pessoa: ele mesmo. Os nobres vereadores, que já andam desconfiados, temem que a escolhida se torne uma general implacável dentro da Câmara, transformando a vida de todos em um verdadeiro campo de batalha.

A prova do conluio, escancarada pela servidora, veio à tona em plena sessão. Durante a transmissão ao vivo, o súbito desaparecimento do imperador e de sua preterida por vários momentos ficou evidente, deixando o plenário às moscas por alguns minutos. O que tanto confabulavam longe dos olhos públicos? Estratégias de guerra? Divisão de territórios? Ou apenas um último fôlego antes do golpe final?

O fato é que o ambiente político dessa Câmara se parece cada vez mais com um navio à deriva. Como diria Marjorie Estiano, “o vento sopra sem sentido”. Se os súditos do ex-imperador não se alinharem logo, em breve estarão todos saudando uma nova regente de pulso firme. E aí, não adianta reclamar do chicote… ou melhor, da espada que ajudaram a erguer.

Daquela que nunca aparece e sempre está presente,
Madame Savage

Foto: Reprodução/IMDB