Há omissão na liberação de volume tão grande de pessoas em espaços que, na percepção geral, não é suficiente para acomodar com segurança e um mínimo de conforto?

Por EDIVALDO MAGRO

“Gostaria de saber como chegam a esse número”, comentou comentarista de emissora de rádio local ao fim de jornada esportiva, imediatamente após ouvir anúncio de público e renda divulgado no sistema de som do Estádio Willie Davids. Os 16.737 torcedores não pareciam corresponder ao público que se espremeu ao longo do anel do estádio, com muita gente em pé tentando ângulo para enxergar o campo.

Na área coberta a situação era dramática, com esforço dos ‘meninos de colete laranja’ para evitar que corredores das arquibancadas fossem tomados. Pai com filhos pequenos tentando protegê-los, até mesmo de espetos, vendidos sem nenhuma preocupação com arma que torcedores apressados brandiam em uma das mãos e copo de cerveja na outra. Os excessos se reproduziam por todos os lados.

Seguranças arrogantes e despreparados acionavam a polícia a todo instante e a os militares já chegavam aplicando excessos, inclusive com cassetetes e spray de pimenta acionado em meio a torcedores. Presenciei pelo menos 3 situações assim, inclusive experimentando pela primeira vez o ardume do spray apenas por estar no lugar errado na hora errada, assim como tantos outros torcedores envolvidos na confusão espontânea.

Há omissão na liberação de volume tão grande de pessoas em espaços que, na percepção geral, não é suficiente para acomodar com segurança e um mínimo de conforto? Em caso positivo, de quem é a responsabilidade? Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, Prefeitura de Maringá, Federação Paranaense de Futebol, Ministério Público? Ou todos têm sua responsabilidade na confusão?

É bom lembrar que, de acordo com as conveniências, número de torcedores no estádio é ampliado pelo Corpo de Bombeiros. Para determinado jogo é 14 mil, sobe para 16 mil e pode chegar a 18 mil pessoas, como foi o caso de sábado. Afinal, qual a capacidade máxima do estádio? Pode ser variável assim, segundo interesses de quem aluga o estádio? E qual a capacidade da área coberta? São perguntas sem respostas.

Frequento o estádio há mais de 40 anos. Nessa temporada, fui em todos os jogos, assim como aqueles 6 mil (os 16  mil do domingo não entra nessa conta) torcedores que seguem o time e confiam, inclusive, que a equipe vai voltar de Ponta Grossa com o título. Mas é preciso alguma preocupação das autoridades responsáveis pelo estádio e sua capacidade de público. Que não se rendam aos interesses financeiros e zelem pela segurança dos torcedores.

PS do MN – Há 14 anos o Ministério Público ingressou com ação por danos coletivos pela mesma razão, numa final de campeonato, no WD.