O velho do rio

Certos personagens políticos dominam a arte da metamorfose: do gestor público ao anfitrião milionário, do discurso modesto ao brinde com vinho premiado

Amadinhos, se há algo que a política paranaense ensina, e ensina com gosto, é que o verdadeiro luxo não está no cargo, mas no que se conquista após o último discurso.

Enquanto o prefeito Valtinho, do PSD, mantém as rédeas da tranquila Porto Rico, quem vem chamando a atenção (e os olhares mais curiosos) é um ex-prefeito do Paraná, bem próximo do governo Ratinho Jr.

A figura, que cultiva o figurino da simplicidade de um homem do povo, tem sido vista com frequência na mais exclusiva joia do litoral de água doce: um condomínio onde um terreno beira o milhão, e uma casa… bom, essa casa é outra história.

Dizem, e não sou eu quem diz, mas sim as bocas soltas dos corredores de mármore, que o ex agora repousa em uma mansão de quase 6 milhões de reais, equipada com piscina de borda infinita, suítes suficientes para acomodar vinte convidados e um espaço gourmet que faria inveja a resort cinco estrelas.

Nos papéis oficiais, é verdade, o imóvel não traz seu nome. Mas entre os convites, o entra e sai de aliados e os registros nada discretos da “residência de veraneio”, não restam dúvidas de quem é o verdadeiro rei daquela fortaleza com vista para o rio.

É curioso observar como certos personagens políticos dominam a arte da metamorfose: do gestor público ao anfitrião milionário, do discurso modesto ao brinde com vinho premiado. Tudo isso, é claro, sem jamais perder a aura de simplicidade cuidadosamente ensaiada.

E a conclusão, meus caros, é inescapável: mais vantajoso que ser prefeito é ser ex-prefeito, desde que, claro, se saiba com quem andar.

Da sua rainha da prainha, a de Porto Rico, e das verdades sussurradas pelas águas do poder,
Madame Savage