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A receita do fracasso

Infelizmente, não existe luz no fim do túnel

O populismo tem sua origem no Império Romano, em que a população era cooptada a apoiar seus imperadores por conta de espetáculos circenses e distribuição de comida. Assim, se estabelecia um vínculo emocional com o povo, resultando no imperceptível e consentido autoritarismo. Os acontecimentos contemporâneos de cunho populista se espelham na antiguidade, porém agora turbinados com a adoção de novos conceitos e modus operandi atualizados, mas sem perder a essência original. Os líderes populistas se esmeram em manter contato direto com as massas a fim de simular uma falsa identidade de participação política e com os recursos ultramodernos da tecnologia, conseguem garantir o controle social. Não por acaso os artifícios utilizados por esses mandatários variam de linguagem simples e popular, propaganda pessoal massiva e a simplificação de problemas complexos através de retóricas estéreis e mirabolantes, bem distantes da realidade.

Com o passar do tempo, os efeitos danosos do populismo inconsequente se fazem presentes. Especificamente no Brasil, os indícios de que esse modelo anacrônico de governança já se exauriu estão por todo lado. A começar pela ameaça de colapso da economia com a taxa básica de juros ultrapassando a casa dos 14%, o que parece estar incomodando o onisciente e onipresente ex-metalúrgico. Que tenta continuamente encontrar culpados para a delicada situação da dívida pública e que segundo projeções, deve alcançar os estratosféricos 10 trilhões no fim de 2026. Defensor ferrenho dos programas governamentais de transferência de renda como o Bolsa Família, Benefício de Prestação Continuada, Bolsa Escola, Bolsa Alimentação e outros, o presidente agora direciona críticas aos beneficiários que completaram dez anos em algum programa oficial. Pura hipocrisia, pois Lula sempre se beneficiou do paternalismo irresponsável e perdulário propiciado pelo Estado, apoiado por sua sigla partidária e sempre à custa do pagador de impostos, objetivando manter o poder a qualquer preço. Mas como nada é eterno, a conta finalmente chegou.

Para o observador mais atento, é indiscutível que o País está passando por uma revolução socialista em plena democracia, com o Estado induzindo o cidadão à pobreza, no momento em que não oferece condições ideais para o acesso à educação e, consequentemente, ao aumento da produtividade uma vez que a elevação da renda está diretamente ligada à capacitação profissional. O resultado do combo populismo e paternalismo incentiva a manutenção de uma legião de pessoas continuamente assistidas, sem perspectivas em curto e médio prazos por alguma mudança significativa em sua condição de vida. De nada adianta o contribuinte trabalhar mais de cinco meses por ano para pagar tributos verdadeiramente extorsivos, se não existe um eficiente controle na destinação de verbas públicas. O assistencialismo praticado por aqui é uma moeda de troca utilizada pelos políticos, que buscam apenas e tão somente o poder, deixando em segundo plano os interesses maiores da coletividade.

Infelizmente, não existe luz no fim do túnel. Essa nação carece de lideranças genuínas, aquelas realmente lastreadas em argumentos consistentes, imunes aos insalubres conchavos partidários. Estamos no barco à deriva, com vento de través, o mar revolto e ameaça de motim. Sair dessa, só por Deus! Quem viver verá. 


(*) José Luiz Boromelo, escritor e cronista em Marialva/PR

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