O Clube dos Privilégios

Tentaram dar carteirada para entrar no setor mais cobiçado da Expoingá 2025

Enquanto o povo se aglomerava nos corredores e aplaudia os shows, o verdadeiro espetáculo da Expoingá acontecia em um lugar onde a multidão não entra. No camarote de uma cervejaria, alguns vereadores se amontoavam em meio ao pão e circo, uma concessão generosa para que se sentissem importantes, mesmo que por um instante. Mas há quem não se contente com essas migalhas douradas.

A presidente da Câmara, vereadora Majorie Catherine, e o líder do governo Luiz Fernando “Neto” entenderam isso muito bem. Seus lugares foram no setor mais cobiçado da festa, um espaço onde o luxo não é apenas decoração, é um idioma. Se custeado de próprio bolso ou fruto de pura influência, ninguém sabe ao certo. Mas lá estavam eles, entre taças que nunca esvaziam e sorrisos que nunca são apenas cortesia, aproveitando uma visão privilegiada do palco e da sociedade que importa.

Foi nesse espaço restrito que se misturaram famílias tradicionais do high society maringaense, a primeira-dama do Paraná, o alto escalão do governo Ratinho Júnior, deputados estaduais e empresários que têm muito poder na cidade. Uma cena que seria alvo de críticas se tivesse sido paga com o dinheiro do povo. Mas e o povo? Privilégios não são para todos, são para quem o poder interessa.

Mas o verdadeiro escândalo não veio de quem ostentava, e sim de quem tentou e fracassou. Dizem que um certo vereador, ou seria uma vereadora, não suportou assistir aos conhecidos nadando em privilégios inacessíveis. Decidiu, então, fazer o que políticos acostumados ao poder fazem de melhor: tentar uma carteirada. Afinal, para os maus políticos de que serve o cargo, se não para abrir portas?

Só que a porta não abriu. Sem pulseira com QR Code, sem a bênção dos anfitriões e sem a elegância necessária, restou apenas o desconforto da negativa. A Sociedade Rural, com seu tapete vermelho seletivo, não se curvou à tentativa desesperada.

Porque longe do povo, onde o champanhe não para de borbulhar e os olhares pesam mais que palavras, a Expoingá mostrou que o verdadeiro brilho não se impõe. É um privilégio que poucos, ou apenas os influentes e espertos, conseguem conquistar.

Desta vez, como uma vigilante protetora de minhas fontes, não revelarei o nome do dito ou da dita cuja. Mas minha língua coça, e, ao primeiro dissabor, ressuscitarei esse cintilante episódio.

Daquela que está no meio do povo, mas sabe tudo sobre a exclusividade dos poderosos, Madame Savage.