Maringá é a 26ª melhor cidade do Brasil em qualidade de vida, mostra IPS 2025

Índice de Progresso Social analisa 5.570 municípios com base em indicadores sociais e ambientais, oferecendo um retrato multidimensional do desenvolvimento no país; Maringá perdeu 11 posições em relação à edição de 2024
Maringá é a 26ª cidade do país em qualidade de vida, de acordo com segunda edição do Índice de Progresso Social, do Instituto Amazon, que leva em consideração 57 indicadores sociais e ambientais. Em primeiro lugar aparece Gavião Peixoto (SP), ex-distrito de Araraquara, com nota de 73,26 em uma escala que vai de 0 a 100. A segunda colocação ficou com Gabriel Monteiro (SP) , seguido de Jundiaí (SP). Dos 10 municípios mais bem colocados, 7 são paulistas.
No Paraná, Maringá é o segundo município no ranking, atrás somente de Curitiba, que também lidera como melhor capital do país. Maringá obteve nota de 68,84, com PIB per capita de R$ 53.575,21 (neste caso, segundo dados de 2021), a 804ª posição entre os 5.570 municípios brasileiros. Gavião Peixoto tem PIB per capita de R$ 248.661,57, o 28º do país).
Na primeira edição, no ano passado, Maringá teve nota de 69,96 e ficou na 15ª posição. As piores avaliações foram nos quesitos oportunidades (direitos individuais: acesso a programas de direitos humanos, existência de ações para direitos de minorias, índice de atendimento à demanda de justiça, resposta a processos previdenciários, resposta a processos familiares e taxa de congestionamento líquido de processo). Confira todos os dados da cidade aqui.
O relatório, segundo o instituto, mostra que apesar de avanços graduais, os desafios para garantir qualidade de vida à população brasileira permanecem grandes e desiguais no país. O IPS também avalia o desempenho médio dos estados brasileiros. São Paulo, Santa Catarina e Paraná foram os mais bem colocados. Na outra ponta, Pará, Maranhão e Amapá apresentaram os piores resultados, evidenciando as desigualdades estruturais e históricas da Amazônia Legal.
No site do IPS Brasil, é possível analisar o perfil detalhado de todos os municípios, identificando em quais áreas cada um se destaca e onde há necessidade de melhorias. A plataforma também permite comparar municípios que estão na mesma faixa de PIB per capita, área e população, oferecendo uma ferramenta poderosa para gestores públicos, investidores sociais e a sociedade em geral entenderem melhor as dinâmicas de desenvolvimento local e planejarem ações mais eficazes para promover o progresso social e ambiental. Para acessar o relatório na íntegra, com o perfil de cada município, clique aqui.
O que o IPS Brasil 2025 avalia – O Progresso Social foi definido por um grupo de especialistas acadêmicos e sintetizado pelo SPI como “a capacidade da sociedade em satisfazer as necessidades humanas básicas, estabelecer as estruturas que garantam qualidade de vida aos cidadãos e dar oportunidades para que todos os indivíduos possam atingir seu potencial máximo”.
A partir desse conceito, o IPS Brasil 2025 é formulado com base em 57 indicadores divididos em três dimensões: Necessidades Humanas Básicas; Fundamentos do Bem-Estar e Oportunidades.
Desenvolvido através de uma parceria entre o Imazon, Fundação Avina, iniciativa Amazônia 2030, Anattá, Centro de Empreendedorismo da Amazônia e Social Progress Imperative., o IPS Brasil é baseado exclusivamente em dados públicos e atualizado anualmente. A ferramenta permite acompanhar tendências e medir a efetividade de políticas públicas em tempo real.
A construção do IPS Brasil 2025 segue uma metodologia rigorosa baseada no padrão internacional do índice. A escolha dos 57 indicadores usados no cálculo obedece a critérios como relevância social ou ambiental, foco em resultados, uso de dados públicos e confiáveis, atualizados e disponíveis para, pelo menos, 95% dos municípios do país. Cada dado passa por uma modelagem estatística detalhada, que inclui normalização, verificação de qualidade, definição de valores de referência e aplicação de pesos definidos por Análise de Componentes Principais. O resultado final é um índice que varia de zero (pior cenário) a 100 (melhor cenário), refletindo a média simples dos desempenhos nas três dimensões do progresso social. As fontes utilizadas vão de bases consolidadas como DataSUS, CadÚnico e Anatel até iniciativas como o MapBiomas e o Instituto de Estudos para Políticas de Saúde.
Diferentemente de índices econômicos como o PIB (Produto Interno Bruto) e IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), o IPS mede diretamente resultados sociais e ambientais, funcionando como bússola para gestores públicos, investidores sociais e organizações da sociedade civil. “O IPS permite visualizar desigualdades que não são explicadas apenas por indicadores econômicos. Municípios com PIB semelhante apresentam, muitas vezes, desempenhos muito distintos no índice, o que reforça a importância de políticas públicas voltadas ao bem-estar social de forma integrada.Com o IPS, é possível identificar onde as políticas públicas estão funcionando e onde é necessário intervir com mais urgência. Ele transforma dados complexos em um retrato claro e comparável entre municípios e estados”, afirma Melissa Wilm, coordenadora do IPS Brasil.
A edição 2025 traz uma atualização importante no seu conjunto de dados: foram incluídos novos indicadores que enriquecem o diagnóstico territorial: Consumo de Alimentos Ultraprocessados, Resposta ao Benefício Previdenciário, Resposta a Processos Familiares, Índice de Vulnerabilidade das Famílias e Famílias em Situação de Rua.
Principais resultados – O índice nacional de 2025 aponta uma pontuação média de 61,96 (numa escala de 0 a 100). A melhor avaliação ficou com a dimensão Necessidades Humanas Básicas, com média 74,79, seguida de Fundamentos do Bem-Estar (65,02). Já a dimensão Oportunidades, que mede inclusão social, acesso à educação superior e respeito a direitos, teve o pior desempenho: 46,07.
“Apesar de alguns avanços, os dados mostram que o Brasil ainda falha em garantir oportunidades iguais para todos, especialmente para os mais vulneráveis”, afirma Beto Veríssimo, coordenador do IPS Brasil.
Entre os componentes do índice, Moradia obteve a maior média nacional (87,74), enquanto Direitos Individuais (32,41), Educação Superior (47,39) e Inclusão Social (47,21) ficaram entre os mais baixos. Os piores indicadores estão concentrados nas regiões Norte e Nordeste, com destaque negativo para o componente Qualidade do Meio Ambiente na Amazônia Legal, impactado pelo desmatamento e emissões de gases de efeito estufa. Curiosamente, o relatório também aponta que regiões mais desenvolvidas economicamente, como Sul e Sudeste, apresentam fragilidades em Saúde e Bem-Estar, com altas taxas de obesidade, suicídios e consumo de alimentos ultraprocessados.